O presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Paulo Rabello de Castro, afirmou ontem que o caminho para o ajuste das contas públicas é o corte de despesas estatais.
Ao participar da abertura do Encontro Nacional de Comércio Exterior, disse que "o tempo está esgotado para que o Brasil faça reformas que permitam que a máquina pública caiba no PIB [Produto Interno Bruto]".
"Tempo esgotado para a nossa incompetência para fazer as reformas tributária e da Previdência, mal uma reforma trabalhista e, principalmente, tempo esgotado para a nossa incapacidade de fazer o custo do sistema da máquina pública caber no PIB dos brasileiros. Precisamos assumir o que não fazemos certo e partir para o conserto. Espero que o Brasil sobre para nós. O Brasil é melhor do que as nossas neuroses coletivas. O Brasil precisa levantar-se", aclamou.
Castro disse que para o fim do mês está previsto o lançamento do Progeren, programa de capital de giro do BNDES, automático para empresas, que será viabilizado em conjunto com o Banco do Brasil (BB) e a Caixa Econômica Federal. O programa oferece incentivo para o aumento da produção doméstica. O lançamento deve ser feito pelo Ministério do Planejamento.
O presidente do banco comentou que as indústrias brasileiras de produção e de serviços foram as principais vítimas de um "morticínio econômico", "causado inclusive pela confluência de mal feitos, que acabaram por jogar o bebê fora, junto com a água suja".
"O Brasil não pode esperar que a toga resolva a questão judicial enquanto falece, enquanto fenece o Brasil produtivo", disse.
Para ele, a recuperação mais vigorosa da economia brasileira tem que passar obrigatoriamente pelo corte de despesas do governo e não pelo aumento de impostos.
A declaração veio um dia após o presidente Michel Temer e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, terem confirmado estudos para elevação do Imposto de Renda, para horas depois, diante da repercussão negativa, a Presidência negar, em nota, que será apresentada uma proposta de elevação do tributo.
Rabello de Castro afirmou também que, no caso do próprio banco de fomento, este se prepara internamente para ganhar musculatura e poder fazer uma captação externa de ao menos R$ 5 bilhões no ano que vem, o equivalente a cerca de US$ 1,5 bilhão. /Agências
Fonte: DCI São Paulo