Crise muda hábito e brasileiro prefere maior durabilidade

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Os hábitos de compra do brasileiro mudaram durante a crise. Mais criterioso, ele avalia melhor e só compra algo que vai durar. Com isso, o tíquete médio de moda no País aumentou 25% entre 2014 e o início de 2017, segundo estudo da consultoria IEMI – Inteligência de Mercado.

 

Por outro lado, houve uma queda vertiginosa no consumo das classes menos favorecidas indo às compras. “As vendas estão mais espaçadas, pois o desemprego cresceu muito durante o momento de crise e ainda permanece alto, afetando principalmente as classes C, D e E. E quem viu parentes e amigos perdendo empregos passou a consumir com mais parcimônia”, diz o diretor-executivo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex), Edmundo Lima.

 

Intitulado “O Mercado de Moda no Brasil”, o estudo realizado pelo IEMI em parceria com a Abvtex, levou em consideração o comportamento dos consumidores brasileiros durante os últimos três anos, constatando que menos pessoas estão dispostas a comprar roupas agora, com 10% menos peças por compra. Contudo, o tíquete médio por transação avançou 25% e as compras estão 8% mais frequentes.

 

Segundo o diretor do IEMI, Marcelo Prado, dois fatores interligados foram cruciais para essas conclusões. Com a crise, consumidores de baixa renda passaram a comprar menos nas lojas, e os clientes de classe alta, por sua vez, tiveram de recorrer ao mercado doméstico com mais frequência. Diante deste novo cenário, o varejo procurou fórmulas para adaptar o mix de produtos, apostando em coleções mais caras.

 

“A crise não afeta todos os níveis da população. Os mais pobres sofreram mais nesse período. Já quem costumava comprar no exterior, passou a comprar aqui. As lojas de departamentos fizeram bem essa leitura e melhoraram a qualidade dos produtos que elas estavam ofertando. Isso explica, em parte, o bom rendimento que obtiveram nesse período”, explica Prado.

 

Embora a crise tenha afastado consumidores das classes menos favorecidas das lojas do País, as pessoas de classe alta passaram a adquirir produtos com maior frequência, conforme a necessidade. “Menos pessoas compraram durante a crise, mas elas estavam comprando por mais vezes, dentro da necessidade de cada uma. Elas passaram a comprar produtos que servissem para mais de uma ocasião”, acrescenta.

 

Exemplo dessa procura por itens de maior valor agregado no vestuário, as ‘compras para si mesmo’ recuaram no período analisado. A parcela de pessoas que adquiriram itens para utilizar em festas ou eventos decaiu de 20% em 2014, para 16% este ano. Já a parcela de pessoas que compravam apenas por satisfação pessoal reduziu de 46% para 35%, em igual período. Na contramão disso, o consumo destinado à família e para a reposição de produtos desgastados avançaram 20% em ambos os casos. “O consumidor está comprando de maneira homeopática, quando sobra no orçamento. Isso tem sido a tônica para evitar se endividar”, afirma Lima.

 

Multimarcas sofrem mais

 

Após faturar R$ 177 bilhões em 2016, queda de 2,6% em relação a 2015, o varejo de vestuário estima encerrar este ano com R$ 192 bilhões de receita, alta de 8,8% – número impulsionado pelas lojas especializadas, que representam 31% do total. Principal canal de varejo do vestuário em volume de peças, as lojas multimarcas sofreram mais com a crise. “Elas ficaram expostas a um público mais vulnerável e são muito dependentes das grandes fábricas”, completa Prado.

 

Fonte: DCI São Paulo

 


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