O setor de shopping centers voltou a crescer neste ano, com aumento real de 2,52% no faturamento e crescimento também no número de lojas. O resultado veio após dois anos seguidos de queda nas vendas, período em que o ramo acumulou uma retração de 19%.
Com o avanço, os lojistas que operam em centros comerciais atingiram um faturamento de R$ 147,5 bilhões, ante R$ 140 bilhões registrados no ano passado, informou ontem a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop). O resultado foi impulsionado por uma alta nominal de 6% nas vendas do Natal, principal data para o varejo, e estimulado por algumas medidas adotadas pelo governo no ano, como a liberação das contas do FGTS e saques do PIS/Pasep.
A expansão, no entanto, não foi suficiente para reverter as perdas de 2016 e 2015, quando houve recuo de 9,5% e 9,6%, respectivamente, em termos reais (deflacionado o índice pelo IPCA). “O ano foi um alento para o setor, mas não registrou um crescimento explosivo”, afirma o diretor de relações institucionais da associação, Luís Augusto Ildefonso.
Em número de lojas, também houve expansão em 2017, de 2%, passando de 121 mil pontos de venda para 124 mil – saldo positivo de 3 mil unidades. O avanço ocorreu em cima de uma base de comparação baixa, já que 18,1 mil lojas tinham sido fechadas em 2016, uma redução de 12,9%. Para o presidente da Alshop, Nabil Sahyoun, ainda deve levar um tempo para o setor recuperar os níveis de antes da recessão. Em 2013, por exemplo, 129,9 mil lojas operavam dentro de shoppings.
Contribuiu para o saldo positivo deste ano a inauguração de 12 novos shopping centers, que sozinhos foram responsáveis pelo acréscimo de 2.005 pontos de vendas ao setor. Dos shoppings abertos, sete foram em cidades do interior dos estados (58%) e cinco nas capitais (42%), evidenciando, na visão da Alshop, a continuidade do processo de “interiorização” que o ramo vem vivenciando nos últimos anos.
Ainda que tenha contribuído para o resultado do setor, o número de inaugurações registrado em 2017 ficou muito abaixo do previsto no início deste ano. Na época, a entidade esperava que 22 empreendimentos fossem abertos. O número também é inferior ao registrado em 2016, quando 20 novos centros de compra foram lançados no Brasil.
O ano foi marcado ainda por um crescimento no total de empregos diretos no ramo de shopping, na comparação com o ano passado. Segundo o estudo da Alshop, o saldo positivo foi de 20.600 vagas, totalizando 1,35 milhão de postos de trabalho. Do total, a maior parte (1,27 milhão) são funcionários das lojas, enquanto 86,1 mil atuam na operação dos 773 centros comerciais brasileiros.
Perspectivas
Para 2018, a entidade espera uma aceleração do crescimento, em linha com o quadro de melhora já visto ao longo deste ano. “Estamos otimistas para o ano que vem”, afirma o presidente da Alshop. A associação não possui estimativas, em termos de desempenho do faturamento e aberturas de lojas, mas afirma que a queda da Selic e a gradual retomada do mercado de trabalho devem gerar um estímulo para os investimentos e para a criação de novos negócios. “Quando a Selic cai para 7% há uma recuperação da renda e um estímulo para se investir em novos negócios, como a abertura de franquias”, explica Sahyoun.
Um indicativo que aponta para uma recuperação mais consistente em 2018, segundo Ildefonso, é o nível de ocupação dos últimos shoppings abertos. Segundo ele, os três últimos empreendimentos lançados no Brasil já abriram as portas com uma taxa de ocupação superior aos 80%.
Em relação a novos empreendimentos, a estimativa da Alshop é que pelo menos mais 18 shoppings sejam abertos em 2018. Atualmente, 43 centros de compra estão em construção, mas a maior parte deve ficar para 2019 ou 2020. “Com a melhora da economia as empresas que estão construindo tendem a acelerar as obras, da mesma forma que em 2016, com a crise econômica, elas tiraram o pé do acelerador”, diz.
Maiores altas
O crescimento das vendas dos lojistas de shopping foi puxado, principalmente, pelos setores de brinquedos e óculos, bijuterias e acessórios. O primeiro cresceu 10%, em termos nominais, enquanto o segundo avançou 9,2%, também sem descontar a inflação.
Os segmentos de artigos para pets (7,5%), eletrodomésticos (6%), e smartphones (6%), também tiveram contribuições importantes para o resultado do setor em 2017.
Fonte: DCI São Paulo