Após sete meses de saldo positivo, o mercado de trabalho voltou a registrar mais demissões do que admissões em novembro. Contudo, especialistas concordam que a tendência é mais geração de vagas formais.
O Ministério do Trabalho (MTb) divulgou ontem (27) que o saldo de empregos formais no Brasil teve resultado negativo de 12.292 vagas no mês passado, uma redução de 0,03% em relação ao estoque de outubro, conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Foram 1.111.798 admissões contra 1.124.096 demissões em novembro.
O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, apontou que os dois principais setores que geraram esse saldo negativo de novembro foram a Indústria da Transformação (-29.006) e a Construção Civil (-22.826 vagas), isto porque, no primeiro segmento, “todas as encomendas já foram atendidas”, e no segundo, o período de chuvas levou à paralisação das obras, havendo desta forma espaço para demissões.
“Esse saldo negativo não significa uma interrupção do processo de retomada do crescimento econômico do país”, destacou Nogueira.
De fato, de janeiro a novembro, foram criados 299.635 novos postos de trabalho no País, o que sinaliza processo dessa retomada da economia mencionada pelo governo.
Os especialistas entrevistados pelo DCI endossam a avaliação de um começo de recuperação da atividade. Na opinião de o assessor econômico da FecomercioSP, Jaime Vasconcellos, o resultado de novembro foi um “tropeço no caminho de recuperação gradual” da economia. “Apesar dos últimos novembros [2015 e 2016] terem apresentado saldos negativos, o deste ano foi bem menor. Ou seja, 2017 mostra uma estabilidade do mercado de trabalho. Há uma reação das vagas formais, mas para recuperar os três milhões de postos fechados demora anos”, avalia.
Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, concorda, em partes, com Vasconcellos. “O saldo negativo já estava praticamente precificado, não é algo que afete a economia. Mostra uma recuperação ainda lenta da atividade. Foi mais um banho de água fria para o governo, que vem visualizando dados positivos nos últimos meses.”
Desta forma, pelo menos para o primeiro semestre de 2018, os economistas ouvidos pelo DCI esperam resultados mais lineares de abertura de vagas formais. O assessor econômico da Fecomercio aguarda que entre 500 mil e 1 milhão de postos de trabalho devem ser criados no ano que vem, sendo o resultado “mais próximo” das 600 mil vagas.
Fonte: DCI São Paulo