O Índice de Expectativa do Consumidor, calculado pela FGV, chegou em abril ao pior patamar desde outubro de 2017. O indicador, que mede o bom humor o cliente para compra nos próximos meses, ainda reflete a instabilidade política e os efeitos ainda reticentes da melhora da economia brasileira.
A cifra, calculada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) chegou ao quarto mês de 2018 aos 97,3 pontos – em uma escala que vai de 0 a 200 tenho em 100 a diferença entre as perspectivas negativas e positivas. O resultado é seis pontos menor que o verificado em março (103,3).
“Por mais que a economia dê sinais de melhora, o consumidor brasileiro ainda está muito sensível às mudanças na esfera política, o que tem um peso enorme na expectativa do brasileiro com relação ao consumo nos próximos meses”, resumiu o professor de macroeconomia da Universidade Paulista, Haro Ito.
De acordo com o acadêmico, a tendência para os próximos meses é que a oscilação continue, ainda como reação do brasileiro a instabilidade pública. “Com o Brasil polarizado, é muito possível que sempre que alguém comemore um fato, outro lamente”, diz ele, fazendo menção a situações como a prisão do ex-presidente Lula, que se deu no começo de abril e dividiu o País.
Além das expectativas conservadoras, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), que reúne também a Situação Atual do consumidor, fechou abril em 88,1 pontos, uma retração de 4,9 pontos na análise original. “A queda da confiança em abril é uma devolução de mais da metade da alta do mês anterior”, avaliou Viviane Seda Bittencourt, coordenadora da Sondagem do Consumidor no Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV).
De acordo com ela, a queda indicador foi geral, mostrando um efeito bastante pulverizado. “Consumidores de todas as classes de rendas se sentem menos otimistas em relação à situação econômica nos próximos meses, influenciados, em parte, pela redução das suas expectativas sobre o mercado de trabalho”, completa.
Entre as quatro faixas de renda pesquisadas, a única que não registrou piora na confiança foi a que recebe entre R$ 2.100,01 e R$ 4.800,00 mensais. Já a perspectiva das famílias com menor poder aquisitivo, que ganham até R$ 2.100,00 mensais, tiveram o pior resultado, uma queda de 14,1 pontos na confiança.
“Para esses consumidores houve piora da satisfação sobre a situação financeira no momento e redução do otimismo em relação à economia, às finanças pessoais, intenção de compra de bens duráveis e emprego”, diz Viviane.
Um mar de informações
Para Ito, da Universidade Paulista, um dos motivos que têm tornado mais instável comportamento do consumidor está atrelado as notícias falsas, ou fake news, que podem influir diretamente no poder de compra. “Soube de um caso de fake news em que se propagava que o governo iria congelar as poupanças dos clientes da Caixa, e isso gerou um caos nas agências. A proporção de retificação é infinitamente menor que a abrangência de uma notícia falsa, e isso é um problema sério também para o varejo”, finaliza o acadêmico.
Fonte: DCI