Em 2014, quando a Copa do Mundo aconteceu por aqui, 50,1% dos brasileiros fizeram alguma compra com o objetivo de aproveitar melhor os jogos. De lá para cá, o Brasil enfrentou uma forte recessão econômica que, somada à crise política, derrubou o ânimo do torcedor e fez a intenção de compras ligadas ao mundial da Rússia ficar em 24%.
Os dados fazem parte de uma pesquisa divulgada ontem pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e apontam ainda que cerca de 76% dos brasileiros não pretendem fazer nenhum tipo de compra no intuito de aproveitar melhor os jogos.
“Além do menor envolvimento da população com o mundial, as condições de consumo em 2018 ainda se encontram menos favoráveis do que há quatro anos. A despeito de o País já ter deixado para trás o processo recessivo, a recuperação da economia e do consumo segue lenta e sujeita a oscilações”, diz o chefe da Divisão Econômica da CNC, Fabio Bentes.
Entre os brasileiros que pretendem fazer algum gasto extra para a Copa, o setor de alimentos e bebidas foi o mais citado, com 9,9% das intenções de compra.
Os recursos, no entanto, serão destinados ao consumo dentro do lar, o que pode prejudicar os bares e restaurantes. “Os supermercados devem apostar em promoções de cervejas, amendoins e refrigerantes, já que o consumo está muito focado nestes itens”, contou o especialista em varejo e professor da Universidade Paulista, Gustavo Rocco.
Nessa linha, o economista da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Thiago Berka, conta que, com o apelo das festas juninas, os supermercados estão otimistas. “O período favorece as vendas graças ao aumento das confraternizações dentro do lar, já que 92% das pessoas assistem aos jogos em casa”, disse ele.
Nas mãos do Tite
Ainda que o consumidor se mostre receoso com as compras nesse momento, a medida que a seleção canarinho avance no campeonato, o ânimo do consumidor volta. “Nós ainda trazemos o peso do 7x1, mas isso pode mudar se a seleção surpreender”, diz Rocco.
De modo similar pensa o presidente da Federação de Câmaras Dirigentes Lojistas do Estado de São Paulo (FCDLESP), Mauricio Stainoff. “Se o Brasil ganhar, virá o desejo de consumir produtos ligados ao evento ou se reunir com familiares e amigos para comemorar sobe. Tudo acaba estimulando o consumo.”
Para Stainoff, além do varejo alimentar, o comércio informal também pode se beneficiar do otimismo, ainda que tardio, do brasileiro com relação aos jogos. “É um setor que de alguma forma, faz do evento uma oportunidade de negócio, atraindo cada vez mais os consumidores, principalmente, porque oferecem promoções.”
Entre os brasileiros que farão compra, 7,5% pretendem gastar com peças de vestuário e 4,3% devem adquirir aparelhos de televisão. Em 2014, esses mesmos itens tiveram intenção de compra de 21,5%, 14,3% e 13,3%, na ordem.
Mais da metade (51,6%) dos que pretendem consumir deve gastar pelo menos R$ 200. Outros 39,2% dos consumidores declararam intenção de consumir mais de R$ 300 com itens relacionados à Copa. Um dos itens mais procurados, as camisas da seleção, tiveram incremento de vendas de 110% entre a última semana de maio e a primeira semana de junho, segundo a Netshoes.
Do outro lado do balcão
Segundo uma pesquisa da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) só 33% dos empresários acreditam que o mundial terá um efeito positivo nos negócios, com a grande maioria citando perdas, ou estabilidade. “Em 2014 até serviços sem ligação com futebol usaram o apelo do campeonato para vender mais”, diz Rocco.
Um dos setores que mais deve sentir queda no fluxo de clientes são os shoppings. Para tentar reverter este dado, os empreendimentos estão criando campanhas para estimular o fluxo. No Golden Square, a campanha de Dia dos Namorados se uniu a da Copa, e com isso a previsão é que o movimento em junho cresça 5% enquanto as vendas aumentem 7%. Já o Shopping D criou uma promoção que oferece um pack com oito cervejas para compras acima de R$ 50 feitas pelo marketplace ON Stores.
Segundo a CNC, o mundial que começa dia 14 e segue até 15 de julho deve movimentar R$ 1,5 bilhão no varejo.
Fonte: DCI