A greve dos caminhoneiros no final de maio e que se estendeu até começo de junho deixou um "buraco" no mercado do leite em termos de disponibilidade de matéria-prima (leite cru) e, consequentemente, oferta de produtos lácteos.
Com a retomada das atividades nas indústrias após a greve, e maior procura pelos varejistas para reabastecimento dos estoques, aumentou a concorrência por leite e o preço pago ao produtor subiu fortemente, assim como os valores praticados no mercado spot.
Segundo levantamento da Scot Consultoria, a média nacional ponderada dos dezoito estados pesquisados teve alta de 4,3% no pagamento de junho, frente ao mês anterior. O produtor recebeu, em média, R$1,165 por litro, sem considerar o frete.
Além da greve é preciso levar em conta a menor produção nos estados da região Sudeste e no Brasil Central, devido à entressafra.
Segundo o índice Scot Consultoria de Captação de Leite, em maio o volume coletado pelos laticínios diminuiu 7,6% na comparação com abril deste ano.
Em junho, os dados parciais apontam para queda de 3,5% na captação (média nacional).
Neste caso, apesar da retomada prevista na produção de leite nos estados do Sul do país, em função das pastagens de inverno, as quedas em Minas Gerais, São Paulo, Goiás e estados do Nordeste brasileiro deverão pesar no volume nacional.
Desde o pico de produção, em dezembro de 2017, o volume captado recuou 19,2%, segundo o indicador (média nacional).
Além da greve, as questões climáticas adversas (falta de chuvas) e o aumento dos custos de produção nos meses passados tem interferido na produção de leite no país.
Para o pagamento a ser realizado em julho, referente a produção de junho, 92,0% dos laticínios pesquisados pela Scot Consultoria acreditam em alta do preço do leite ao produtor e os 8,0% restante falam em estabilidade, frente ao pagamento anterior.
Com a greve, o viés de alta no mercado do leite ganhou força neste primeiro momento, mas a demanda patinando e a retomada da produção no sul poderão limitar os ganhos nos próximos pagamentos.
Para o pagamento de julho (referente a produção entregue em junho), o tom do mercado ainda é de alta, segundo a maioria dos laticínios em todas as regiões pesquisadas.
Para agosto (produção de julho), a pressão de baixa deverá ganhar força no Sul do país, com o aumento da produção, mas seguirá firme nas demais regiões, porém com reajustes menores que os observados até agora.
No mercado spot, ou seja, o leite comercializado entre as indústrias, os preços subiram fortemente em junho.
Os valores máximos chegaram a R$2,20 por litro em São Paulo e Minas Gerais.
Estimamos uma demanda maior no mercado spot em curto e médio prazos, após a situação da greve se normalizar. Com isso, a expectativa é de preços firmes e altas não estão descartadas em um primeiro momento, até a situação se normalizar.
No atacado e varejo, as cotações dos produtos lácteos também subiram nas duas quinzenas de junho, sendo que na primeira metade as altas foram maiores e chegaram a mais de 20% no caso do leite longa vida no atacado.
Para o curto e médio prazos, a expectativa é de mercado firme e altas de preços dos lácteos no atacado e varejo não estão descartadas. Vai depender de como evoluirá a demanda nos próximos meses.
Fonte: Scot Consultoria