Impulsionada pela variação dos preços dos alimentos, que dispararam em virtude da greve dos caminhoneiros, a inflação oficial medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) fechou o mês de junho com alta de 1,26%, a maior taxa para o mês desde os 2,26% de junho de 1995. Esta também é a primeira vez, desde janeiro de 2016, quando acelerou 1,27%, que o índice fica acima de 1%.
Em junho do ano passado, a taxa fechou com deflação de 0,23%. Os dados foram divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No acumulado do ano, o IPCA soma 2,6%. Já nos 12 meses encerrados em junho, a variação subiu para 4,39%.
O reflexo da crise de desabastecimento provocada pela greve de caminhoneiros, em maio, pode ser pontual, segundo Fernando Gonçalves, gerente da coordenação de índices de preços do IBGE. De acordo com ele, a oferta de alguns itens já foi normalizada, fazendo com que os preços que tinham subido voltassem. “Foi um impacto pontual em junho. Não temos como saber se vai ter reflexo ainda no próximo mês, temos que aguardar. Alguns itens se recompõem mais rapidamente do que outros”, ponderou.
As principais altas ficaram com o leite longa vida (de 2,65% em maio para 15,63% em junho) e o frango inteiro (de -0,99% em maio para 8,02% em junho). Gonçalves aponta que houve, ainda, impacto da alta do dólar em relação ao real. “O pão aumentou, por causa do trigo. O frango teve impacto por causa do milho, da ração dos animais. E alguns produtos na área química, como fertilizantes, e na área de cosméticos e eletrônicos, importados.” Também rescaldo da greve, a gasolina subiu 5% e, o etanol, 4,22%.
A energia elétrica foi outro ponto que pesou no IPCA, com alta de 7,93% – quase o dobro de maio, 3,53%, devido à bandeira tarifária vermelha patamar 2, que adicionou R$ 0,05 a cada kwh consumido.
Fonte: Diário do Grande ABC