O tabelamento do frete rodoviário, instituído pelo governo brasileiro para atender caminhoneiros após a histórica paralisação de maio, já está impactando os preços dos alimentos, que ficarão ainda mais caros, caso a medida não seja revista, afirmaram associações do setor do agronegócio e de transporte, em nota neste domingo.
Aqueles que precisam contratar frete estão impedidos de negociar preços, o que eleva custos de toda a cadeia produtiva, dos fertilizantes, grãos e carnes, na medida em que os insumos ficam mais caros, segundo nota publicada pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Associação das Empresas Cerealistas do Brasil (Acebra), Associação Nacional dos Exportadores de Cereasis (Anec), Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Carga (Anut) e Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja).
As associações ainda alertam para o risco de redução da produção de alimentos nas áreas mais distantes dos grandes centros, o que terá um efeito também sofre a oferta e nas cotações dos produtos. “Outros produtos também ficarão mais caros, como a gasolina e o diesel. O aumento dos preços dos combustíveis impactará os custos de produtos... Ou seja, teremos mais inflação”, afirmaram as entidades, que dizem que empregos serão perdidos.
O Congresso aprovou no início do mês medida provisória assinada pelo presidente Michel Temer que cria política de preços mínimos para frete rodoviário. Para virar lei, a medida precisa de sanção de Temer.
As entidades lembram que o “Brasil já teve experiências trágicas com controle de preços e da livre competição pelo governo”, e destacaram que o Executivo e o Legislativo fracassaram em evitar que o País recaísse nessas mesmas práticas. “Cabe agora ao Judiciário evitar esse retrocesso”, pedem.
O caso está em debate no Supremo Tribunal Federal. O ministro Luiz Fux deverá retomar a discussão do assunto em meados de agosto. Associações da indústria, como a CNI, entraram com ação na Justiça pedindo a inconstitucionalidade da tabela.
Fonte: Reuters