Antes utilizado para compra de bens duráveis e produtos de maior valor agregado, o uso do cartão de crédito tem sido aliado para que o brasileiro “feche o mês no azul”. Em junho 40% dos consumidores utilizaram alguma modalidade de crédito, e uma boa parcela deles o fez para comprar comida, remédio e combustível.
Os dados fazem parte de um levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e apontam que em junho foram os supermercados os líderes nesse tipo de compra, com 63% de menções, seguidos dos remédios (45%) e dos combustíveis (37%). Roupas, acessórios e calçados – que outrora eram muito utilizados no crédito – ficou na quarta colocação (36%).
Quando analisado o tipo de crédito, 35% citaram o cartão. Em seguida, aparecem o crediário ou carnê, com 8% de utilização, empréstimos (5%), cheque especial (5%) e financiamentos (3%). “Hoje o cartão de crédito já não é uma exclusividade dos bancos. Redes varejistas e fintechs já oferecem o instrumento, tornando-o ainda mais acessível para várias camadas da população”, explica a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti
Foi justamente essa maior participação do crédito na composição da renda familiar que levou um quarto dos usuários da modalidade a entrar no rotativo, ou não pagar a fatura.
“Para a maioria dos entrevistados, o tamanho da fatura do mês de junho aumentou na comparação com o mês de maio, observação feita por 39% dos usuários de cartão de crédito”, completa ela. Considerando os que souberam reportar o valor gasto no crédito em junho, a média é de R$ 1 mil.
Parcimônia
“O requisito básico para o usuário do cartão de crédito é ter organização. Ele é um excelente meio de pagamento porque ao contrário do crediário, só cobra juros se não houver o pagamento mínimo da fatura”, comentou o educador financeiro do portal ‘Meu Bolso Feliz’, José Vignoli. De modo similar pensa o consultor financeiro Gustavo Franco. Especializado em composição de renda familiar, ele conta que o número de famílias buscando ajuda aumentou muito.
“Ainda que o crédito esteja restrito nos bancos, o varejo segue oferecendo cartões, o que ajuda muito o consumidor com renda defasada, mas pode gerar uma situação financeira ainda pior no médio prazo”, disse ele, lembrando que o segundo semestre é composto por muitas datas comemorativas, e o consumidor precisa se organizar para cumprir todas as metas pré-estipuladas.
Segundo a CNDL, 80% dos entrevistados estão com aperto financeiro, seja por estar sem sobras no orçamento (44%) ou ‘no vermelho’ por estar com alguma conta não paga. (36%). Na avaliação dos entrevistados, as principais razões para essa situação são os preços elevados (43%) – ainda que a inflação esteja sob controle –, queda da renda (33%), desemprego (27%) e descontrole dos gastos (12%).
No mês de julho, 56% dos entrevistados pela CNDL planejavam cortar gastos, contra 6% que iriam pretendiam desembolsar mais.
Fonte: DCI