Na capital paulista, as vendas à vista e a prazo caíram 16,7% e 1,6%, respectivamente, na comparação entre setembro e agosto, segundo o Balanço de Vendas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), divulgado ontem (2).
A falta de datas comemorativas pesou para o recuo do comércio no mês passado, segundo Marcel Solimeo, economista-chefe da ACSP. “Essa comparação é difícil, porque agosto tem o Dia dos Pais. Além disso, setembro é um mês mais curto, com menos dias úteis”, afirmou ele.
Entretanto, o entrevistado ressaltou que a recuperação das vendas continua lenta em São Paulo. “Esse clima eleitoral torna as pessoas um pouco mais cautelosas, afetando a confiança do consumidor”, disse Solimeo.
Na comparação com o nono mês do ano passado, as vendas à vista recuaram 3%, enquanto a modalidade a prazo marcou um avanço de 1,3%.
Entre janeiro e setembro, as operações à vista caíram 1,8% e as vendas a prazo subiram 6,5%, no confronto com igual período do ano passado. Assim, a média entre as duas categorias mostra que houve um avanço de 2,4% em 2018.
Sobre a expansão da modalidade a prazo, Solimeo disse que a fraqueza da base de comparação colaborou para o crescimento da operação.
Para o fechamento de 2018, a ACSP projeta um aumento entre 3% e 3,5% para as vendas. “Seria um resultado importante, mas ainda deixaria [o comércio] em um patamar muito distante daquele que foi atingido antes da crise econômica”, afirmou Solimeo.
Segundo ele, as vendas devem ganhar força nos próximos meses, com o Dia das Crianças, a Black Friday e o Natal. “Além disso, o fim do processo eleitoral deve deixar mais claro qual será a condução econômica nos próximos anos, trazendo mais confiança”, acrescentou o especialista.
Trabalho
Solimeo destacou que a geração de vagas de emprego deve ganhar força no último trimestre deste ano, com um aumento da contratação de funcionários temporários.
A Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Assertem) informou, ontem, que é esperada, para o quarto trimestre, a geração de 292.240 postos desse tipo em São Paulo. As vagas devem ser abertas principalmente nos setores de indústria e comércio. Em nota, a Assertem afirmou que os ramos farmacêutico e alimentício devem concentrar boa parte das vagas no período.
Também no comunicado, a associação indicou que até 40% dos postos temporários podem ser transformados em vagas fixas após o período do contrato inicial.
Futuro
Ao avaliar a situação dos diferentes segmentos comerciais, Solimeo disse que dois dos ramos que passam maior dificuldade são os de confecção e calçados, vistos como menos necessários. “As compras de vestuário não são tão fundamentais para as famílias, podem ser atrasadas em um período de recessão.”
Entretanto, ele apostou em uma melhora econômica – e, consequentemente, dos segmentos comerciais – nos próximos anos, após o período de turbulência que acompanha a eleição presidencial.
“A incerteza política precisa acabar. Quando houver maior clareza sobre as medidas econômicas que serão tomadas, os empresários voltarão a investir em todo o País”, afirmou o especialista.
Fonte: DCI