A produção de bens de capital e de bens de consumo duráveis ajudou a indústria do Brasil a interromper três meses de queda e a registrar crescimento em outubro, porém abaixo do esperado, indicando um final de ano desafiador.
A produção industrial brasileira avançou 0,2 por cento em outubro na comparação com setembro, de acordo com os dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Esse é o melhor resultado para outubro desde 2014 (+0,6 por cento), porém ficou bem abaixo da expectativa de crescimento de 1,2 por cento em pesquisa da Reuters.
"Crescer 0,2 por cento interrompe um sequência de queda mas está longe de representar uma reversão na trajetória da indústria nos últimos meses", afirmou o gerente da pesquisa, André Macedo.
Em relação ao mesmo mês de 2017, a produção apresentou ganho de 1,1 por cento, contra expectativa de alta de 2,3 por cento.
Os dados do IBGE mostraram que, no mês, a produção de Bens de Capital, uma medida de investimento, aumentou 1,5 por cento sobre setembro, enquanto a de Bens de Consumo Duráveis subiu 4,4 por cento, alavancada por automóveis.
Por outro lado, a fabricação de Bens Intermediários recuou 0,3 por cento no mês, enquanto a de Bens de Consumo Seminduráveis e não Duráveis caiu 0,2 por cento. Ambas as categorias representam cerca de 80 por cento da produção industrial.
Entre os ramos pesquisados, o lado positivo ficou para as altas de indústrias extrativas (3,1 por cento), máquinas e equipamentos (8,8 por cento), veículos automotores, reboques e carrocerias (3,0 por cento) e bebidas (8,6 por cento).
Mas pesaram as quedas na produção de produtos alimentícios (-2,0 por cento), metalurgia (-3,7 por cento) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,2 por cento).
"No caso dos alimentos há um deslocamento da produção de cana este ano para produção de álcool e menos produção de açúcar", explicou Macedo.
De acordo com os dados do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados pelo IBGE na semana passada, a indústria apresentou no terceiro trimestre crescimento de 0,4 por cento sobre os três meses anteriores.
"Em 2018, a expansão é positiva mas em desacelaração. Houve impacto político eleitoral que afetou o apetite dos empresários por investimentos e, combinado a isso, o mercado doméstico ainda tem um grande contigente de trabalhadores desempregados", afirmou Macedo.
"2018 é um ano que não recuperou as perdas como se esperava", completou o gerente da pesquisa, lembrando que a indústria fechou o ano passado com um crescimento de 2,6 por cento após três anos seguidos de queda.
A mais recente pesquisa Focus realizada pelo Banco Central com uma centena de economistas aponta que a expectativa é de um crescimento da indústria neste ano de 2,16 por cento, com o PIB expandindo 1,32 por cento.
Fonte: Reuters