O prosaico pão francês ficou 158% mais caro nas padarias da capital paulista desde julho de 2000, segundo dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe/USP). Nesse período, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) que mede a inflação na cidade de São Paulo subiu 61,7%. "O pãozinho custava R$ 0,12 por unidade em média, oito anos depois o preço subiu para R$ 0,31", destaca o novo coordenador do IPC-Fipe, Antonio Cormune.
Apesar disso, em julho o paulistano gastou menos com alimentação. Segundo o economista, a pressão dos alimentos no cenário de inflação continua forte, mas já mostra uma desaceleração. O grupo alimentação recuou de 2,87% em junho para 1,07% no mês passado, o que contribuiu para a queda do IPC-Fipe de 0,96% para 0,45%. "Os itens alimentícios respondem por 54,05% do índice; assim, qualquer desaceleração vai ser captada", explica Cormune.
De acordo com ele, os produtos semi-elaborados apresentaram a maior queda nos preços, saindo de 7,44% em junho para 1,98% em julho. Comer fora de casa também ficou mais em conta, ao recuar de 2,17% para 1,82%. Já os alimentos in natura registraram uma deflação menor em julho, passando de –1,47% para -0,04%. "As condições climáticas desfavoráveis afetaram o cultivo de alguns itens que dependem de chuva. A seca atrapalhou o produtor, que não pôde ganhar com a produtividade, elevando o preço ao consumidor", avalia.
Entre as maiores quedas de preços apurado pelo IPC estão: alface (-7,44%), arroz (-1,55%) e energia elétrica (-2,68%), que exerceu forte contribuição para o desempenho da inflação em julho. Já entre as altas vale destacar o aumento de preços do frango (4,87%), aluguel (0,47%), assistência médica (1,32%), que historicamente apresenta um pico em julho devido ao reajuste de contratos.
"O frango foi a vedete das carnes, com a maior variação positiva. É um item que merece monitoramento, pois a remarcação de preço pode continuar no mês corrente", disse Cormune.
Previsão de alta
O economista da Fipe adverte que a inflação na cidade de São Paulo pode voltar a subir em agosto, puxada pela incidência de tributos na conta de energia elétrica. "O aumento do PIS/Confins ainda não foi acumulado na tarifa de eletricidade, se isso acontecer neste mês vamos pagar uma conta mais alta", disse ele.
Cormune acredita que o IPC vai registrar alta de 0,60% em agosto, uma aceleração de 0,25 ponto percentual em relação a julho. "As despesas com alimentação devem se manter em um nível mais baixo, mas isso não será suficiente para segurar um recuo do índice, uma vez que o impacto do custo da energia deve desequilibrar a inflação", disse.
A inflação na capital paulista medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe/USP) deve terminar este ano com alta de 6,5%. A estimativa foi anunciada hoje pelo novo coordenador do IPC, Antonio Cormune. A previsão anterior era de inflação em torno de 6,35%. De janeiro a julho, o IPC já acumula alta de 4,27%; e em 12 meses de 6,03%.
Segundo ele, a pressão do preço dos alimentos que apresentou picos no primeiro semestre e deve continuar, apesar da aposta de menor intensidade na segunda metade do ano, deve contribuir para que a inflação sentida pelo paulistano alcance o teto da meta fixada pelo governo central. "O segundo semestre pode apresentar um comportamento mais domesticado dos preços de alimentos, mas isso não exclui o efeito da aceleração em relação ao ano passado", explica.
Para Cormune, no período de setembro a dezembro a inflação na capital paulista deve repetir o comportamento observado em igual período de 2007, quando se iniciou a elevação dos preços de alimentos, principalmente em razão da demanda internacional, que pressionou a cotação de commodities agrícolas no cenário externo. "Tudo indica que carnes e cereais devem pautar mais uma vez este aumento", acredita o economista.
Veículo: Gazeta Mercantil