A inflação acelerou nos últimos dois meses do ano passado, mas terminou 2019 na meta. A taxa de 4,31% é bem próxima do objetivo do BC, que eram os 4,25%. O indicador caminhava para terminar o ano bem mais baixo, mas as carnes deram impulso ao índice de novembro em diante. Em dezembro, o IPCA ficou em 1,15%, o pior resultado do ano e o mais alto para o mês desde 2002. Para 2020, a escassez de milho deve atrapalhar.
No ano, as carnes subiram 32,4%, pelas contas do IBGE. Foi o impacto mais forte no índice e também no bolso das famílias. As exportações da carne de boi saltaram com a demanda maior da China, que foi às compras no Brasil após um surto de peste suína por lá. O professor Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio, explica que o preço se aproximou do pico no fim de 2019. Em janeiro, a inflação dos bovinos parou de subir. Isso ajuda o índice. Mas para o consumidor continuará caro colocar carne no prato. O preço deve cair devagar ao longo dos próximos meses.
O salto em um produto tão importante provocou um resultado curioso. Em apenas três meses, o IPCA foi do ponto mais baixo do ano para o centro da meta. Em outubro, o acumulado estava em apenas 2,54%.
Para 2020, o candidato a vilão é o milho. Os produtores de aves e porcos do Sul reclamam da escassez do cereal, que compõe quase 70% da alimentação dos animais. Em um ano, o preço da saca de 60 kg dobrou para mais de R$ 50. Essa pressão vai atingir o frango, ovos e o porco. Esses produtos têm um peso menor que a carne bovina no índice, mas a alta no custo dos alimentos sempre compromete o orçamento das famílias.
O bom trabalho do BC nos últimos anos merece destaque. A inflação baixa permitiu que, mesmo com um choque de preços forte e concentrado em poucos meses, a taxa terminasse o ano dentro da meta. A previsão é que o IPCA termine o ano em 3,60%, de acordo com o relatório Focus.
Fonte: O Globo