Um levantamento divulgado nesta quinta-feira (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que, em junho, cerca de 21 milhões de brasileiros tiveram renda domiciliar per capita média de apenas R$ 7,15 e máxima de R$ 50,34. Esse contingente representa 10% da população com os menores rendimentos. A pesquisa mostrou, também, que quase metade da população do país foi beneficiada pelos auxílios emergenciais do governo.
O IBGE destacou que, deste grupo, cerca de 17,7 milhões foram beneficiados, direta ou indiretamente, por benefícios de transferência de renda do governo federal, como o Auxílio Emergencial ou o Benefício Emergencial (BEm). Com o valor do benefício, a renda domiciliar per capita saltou da média de R$ 7,15 para R$ 271,92 - uma alta de 3.705%.
O Auxílio Emergencial do governo federal é destinado aos trabalhadores informais, microempreendedores individuais (MEI), autônomos e desempregados, com renda domiciliar per capita que não deve ultrapassar R$ 522,50 ou a renda total do domicílio que não ultrapasse a três salários mínimos (R$ 3.135). Já o BEm é pago a quem teve suspensão de contrato ou redução de jornada e salário.
No grupo com a segunda menor faixa de rendimento, o IBGE identificou outros 21,1 milhões de brasileiros que viviam em lares com renda domiciliar per capita média de R$ 150,88 e máxima de R$ 242,15. Destes, 18,2 milhões foram beneficiados pelos programas de transferência de renda emergenciais. Com o benefício, a renda média desse grupo passou para R$ 377,22 - uma alta de 150%.
"O auxílio emergencial atingiu cerca de 80% dos domicílios duas primeiras faixas de renda e cerca de três quartos dos domicílios da terceira faixa. Isso demonstra a importância do programa na renda domiciliar per capita dos domicílios dos estratos de renda mais baixos", avaliou o diretor adjunto de pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo.
Na terceira faixa dos menores rendimentos, a renda per capita média foi de R$ 303,42 e a máxima de R$ 354,18. Com o pagamento dos benefícios, a renda média aumentou em 59,9%. Segundo o IBGE, isso evidencia o quanto os programas impactam de forma mais expressiva os dois primeiros grupos.
Auxílio beneficiou quase metade da população
A pesquisa mostrou que os auxílios emergenciais chegaram, em junho, a 29,4 milhões de domicílios brasileiros, onde residem 49,5% da população do país. "Direta ou indiretamente, esse contingente pode ter sido beneficiado com auxílio", apontou o diretor adjunto de Pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo.
Segundo a pesquisa, nos estados das regiões Norte e Nordeste, o percentual de domicílios beneficiados com auxílio emergencial ultrapassou os 45%. No Amapá e no Maranhão, por exemplo, a proporção de beneficiados foi superior a 65%. Já em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, a cobertura do programa não alcançou 30% dos domicílios.
Azeredo destacou que foram distribuídos R$ 27,3 bilhões pelo programa do governo federal, sendo que metade da população brasileira, formada pelos estratos mais baixos de renda, recebeu 75,2% das transferências. O IBGE destacou que, em junho, o benefício chegou a 3,1 milhões de domicílios a mais do que havia alcançado em maio.
O levantamento foi feito por meio da Pnad Covid19, versão da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua realizada com apoio do Ministério da Saúde para identificar os impactos da pandemia no mercado de trabalho e para quantificar as pessoas com sintomas associados à síndrome gripal no Brasil.
Desemprego tem alta de 16,6%
A pesquisa mostrou que o país encerrou junho com 11,8 milhões de desempregados, 1,7 milhão a mais que o registrado em maio - uma alta de 16,6% no período. Com esse aumentou, a taxa de desocupação passou de 10,7% para 12,4%
De acordo com o diretor adjunto de pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, esse aumento do desemprego tem relação direta com a flexibilização do distanciamento social. "Isso implicou no aumento da população na força trabalho, já que o número de pessoas que não buscavam trabalho por causa da pandemia reduziu frente a maio. Elas voltaram a pressionar o mercado", apontou.
Apesar de também avaliar o mercado de trabalho, a Pnad Covid19 não é comparável aos dados da Pnad Contínua, que é usada como indicador oficial do desemprego no país, devido às características metodológicas, que são distintas.
Na última divulgação, a Pnad Contínua mostrou que, entre abril e maio, cerca de 7,8 milhões de postos de trabalho foram fechados no Brasil, chegando 12,7 milhões o número de desempregados no país. Os dados de junho serão divulgados pelo IBGE no dia 27 de julho.
Fonte: G1