A taxa de desocupação do Brasil no 2º trimestre de 2020 ficou em 13,3%, o que representa alta de 1,1 ponto percentual (p.p) em relação ao primeiro trimestre do ano, quando registrou 12,2%. Em relação ao mesmo trimestre de 2019 cresceu 1,3 p.p. Lá a taxa era 12%. Entre abril e junho deste ano, a desocupação subiu em 11 estados e ficou estável em 14. As taxas mais altas foram na Bahia (19,9%), em Sergipe (19,8%), em Alagoas (17,8%), no Amazonas (16,5%), no Rio de Janeiro (16,4%) em Roraima (16,3%) e no Maranhão (16,0%).
Já as mais baixas foram em Santa Catarina (6,9%), no Pará (9,1%), no Rio Grande do Sul (9,4%) e no Paraná (9,6%). Apenas o Amapá (-5,8%) e o Pará (-1,6%) registraram queda em relação ao período anterior. A média nacional de desemprego, de 13,3%, foi superada em 12 unidades da federação.
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral (PNAD Contínua) para o segundo trimestre de 2020, divulgada hoje (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Também na comparação ao mesmo trimestre de 2019, 12 estados tiveram alta na taxa de desocupação. As maiores foram Sergipe (4,5 p.p.), Rondônia (3,9 p.p.) e Minas Gerais (3,4 p.p.). Ainda nessa comparação, o Pará repetiu o desempenho e apresentou queda de 2,1 p.p. As outras unidades da federação registraram estabilidade.
Conforme o IBGE já tinha divulgado no dia 6 deste mês, entre abril e junho, o país tinha 12,8 milhões de pessoas sem trabalho. A taxa de desocupação cresceu 1,3 p.p., se comparada ao segundo trimestre de 2019.
Desalento
A PNAD Contínua Trimestral indicou ainda que o número de desalentados atingiu 5,6 milhões de pessoas. Isso equivale ao crescimento de 19,1% em relação ao trimestre anterior. A Bahia concentrou o maior contingente (849 mil). O percentual de pessoas desalentadas (em relação à população na força de trabalho ou desalentada) entre abril e junho atingiu 5,6%, o que representa elevação de 1,2 p.p., se comparado ao primeiro trimestre de 2020. Os maiores percentuais foram registrados no Maranhão (21,6%) e em Alagoas (20,7%), Já Santa Catarina (1,4%) e Distrito Federal (1,2%), foram os menores.
Desigualdades
A pesquisa apontou também que continuam as desigualdades entre sexos, cor e raça e por idade. De abril a junho, a taxa de desocupação dos homens ficou em 12% e em 14,9% para as mulheres, que ainda são o maior contingente entre as pessoas em idade de trabalhar (53%). A taxa para brancos (10,4%) ficou abaixo da média nacional, ao contrário de para pretos (17,8%) e para pardos (15,4%), com percentuais acima da média.
Os mais jovens foram os que registraram maior taxa de desocupação (42,8%), enquanto os grupos etários de 25 a 39 ficaram em 35,3% e de 18 a 24 anos (29,7%) continuaram com taxas elevadas. A menor taxa ocorreu entre os idosos que são os de 60 anos ou mais, com 4,8%.
A analista da pesquisa, Adriana Beringuy observou que todas as regiões registraram recuo na taxa de ocupação e apontou os mais atingidos. "O nível da ocupação caiu em todas as grandes regiões. E a queda recorde no nível da ocupação no segundo trimestre foi mais intensa entre os homens; as pessoas de 18 a 24 anos e, por nível de instrução, as que têm até o ensino médio. Com relação a cor e raça, as pessoas de cor preta e parda também tiveram quedas bastante acentuada em todo o Brasil", afirmou.
Carteira
Entre os trabalhadores do setor privado, 77,7% tinham carteira de trabalho assinada, mas no norte (65,1% ) e nordeste (63,8%), os percentuais ficaram mais baixos. Os menores índices eram no Maranhão (48,3%), Piauí (53,9%) e Pará (54,5%) e os maiores em Santa Catarina (88,8%), Paraná (82,1%) e São Paulo (81,2%). A proporção de trabalhadores com carteira assinada no setor privado, no mesmo trimestre de 2019, era de 28,4%.
Informalidade
A taxa de informais chegou a 36,9% no segundo trimestre. Isso significa recuo de 3 p.p. em relação ao período anterior e de 4,3 p.p., em relação a igual trimestre do ano passado. Mesmo com a queda em todas as regiões, o norte (52,5%) e o nordeste (48,3%), estão acima da média nacional. O centro-oeste (35,7%), o sudeste (31,5%) e o sul (29,4%) tiveram as menores taxas e abaixo da média nacional.
Segundo Adriana Beringuy, a queda na informalidade não é resultado de um maior nível de formalização do trabalho, mas da queda da ocupação entre os trabalhadores informais. "De fato houve queda na informalidade, porque os trabalhadores informais foram mais atingidos com a perda da ocupação. A queda na ocupação foi puxada por trabalhadores informais", disse.
As maiores taxas de informalidade foram no Pará (56,4%), no Maranhão (55,6%), no Amazonas (55,0%) e no Piauí (53,6%). Já Santa Catarina (25,8%), Distrito Federal (26%) e São Paulo (28,6%) registraram os menores percentuais.
Conta própria
Os que trabalham por conta própria chegaram a 26% da população ocupada. O Amapá (36,7%), a Paraíba (34,2%) e o Pará (32,9%) foram os maiores percentuais, enquanto os menores estavam no Distrito Federal (19,1%), São Paulo (22,3%) e Santa Catarina (23,6%).
Procura
A pesquisa indicou ainda que no segundo trimestre de 2020, 7,4 milhões dos desocupados buscavam ocupação há um período de pelo menos um mês a menos de um ano, ou seja, cresceu 27,9% se comparado ao mesmo período de 2019. Já 2,5 milhões estavam procurando há mais de 2 anos, um recuo de 26,5% em relação ao segundo trimestre de 2019.
Rendimento
A pesquisa mostrou também que o rendimento médio real de todos os trabalhos, habitualmente recebido por mês, pelas pessoas ocupadas com rendimento de trabalho, foi estimado em R$ 2,5 mil. Isso representa aumento, tanto em relação ao trimestre imediatamente anterior (R$ 2.389), quanto em relação ao mesmo trimestre de 2019 (R$ 2.339). Na relação entre o primeiro e o segundo trimestres de 2020, houve aumento nas cinco regiões. Os maiores rendimentos foram registrados no Distrito Federal (R$ 4.009), em São Paulo (R$ 3.167) e no Rio de Janeiro (R$ 3.162). Os menores no Maranhão (R$ 1.426), no Piauí (R$ 1.495) e em Alagoas (R$ 1.549).
Pandemia
O IBGE informou que por causa da pandemia de covid-19, as pesquisas por amostragem domiciliar passaram a apresentar percentuais de não-resposta, ou seja, de entrevista não realizada, mais elevados do que usualmente esperado. Para o IBGE, embora não haja, até o momento, prejuízos à qualidade dos indicadores-chave da PNAD Contínua, relacionada a divulgação trimestral, são necessárias melhorias metodológicas. Por isso, foram suprimidos alguns domínios de divulgação, sem prejuízo para a qualidade da informação.
"Os indicadores suprimidos foram as desagregações por sexo, cor ou raça e rendimentos por categoria de ocupação e atividades", completou a coordenadora de Trabalho e Rendimento, Maria Lúcia Vieira.
Fonte: Agência Brasil