FGV: dúvidas na recuperação econômica mundial impactam indicadores

Leia em 3min 40s

As dúvidas sobre a velocidade de uma possível recuperação da economia mundial no primeiro semestre de 2021 e uma grande diversidade entre as regiões provocaram, em fevereiro, uma desaceleração na alta do Barômetro Global Coincidente na comparação com janeiro e um recuo no Barômetro Global Antecedente, que se aproximou do nível de neutralidade.

 

Enquanto o Barômetro Global Coincidente subiu 1,3 ponto em fevereiro e passou de 96,3 para 97,6 pontos, o Barômetro Global Antecedente registrou queda de 6,9 pontos, indo para 104,1 pontos. Os resultados foram divulgados hoje (10), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

 

Segundo a análise, no horizonte Coincidente, enquanto a região da Ásia, Pacífico&África evolui favoravelmente, áreas da Europa e Hemisfério Ocidental influenciaram negativamente o desempenho. Segundo o Ibre, no Barômetro Antecedente o Hemisfério Ocidental teve comportamento diverso das demais regiões e contribuiu ligeiramente de forma positiva para o agregado.

 

Para o pesquisador Paulo Picchetti, da FGV/IBRE, apesar do resultado positivo da região da Ásia, Pacífico&África, nas demais áreas o avanço da pandemia provocou o endurecimento das medidas de isolamento social e, em consequência, a desaceleração de suas contribuições para o Barômetro Coincidente. Segundo o pesquisador, entre os setores, as variações positivas de curto prazo se relacionam à baixa base de comparação, mas a indústria, que vinha recuperando em maior intensidade, voltou a registrar variação negativa na margem.

 

"Todos os setores e regiões, excetuando o Hemisfério Ocidental, contribuíram negativamente para o Barômetro Antecedente, evidenciando os desafios para que o processo de imunização cumpra seu objetivo dentro do horizonte de planejamento dos próximos meses", disse.

 

Regiões e setores


No Barômetro Global Coincidente de fevereiro, a região da Ásia, Pacífico&África contribuiu com 2,1 pontos para a alta, mas o Hemisfério Ocidental e a Europa agiram ao contrário em 0,5 e 0,3 ponto, respectivamente.

Conforme a análise, as dificuldades enfrentadas pelas campanhas de vacinação junto com a chegada de mutações ainda mais infecciosas da covid-19 podem ter influenciado no resultado dessas duas últimas regiões.

 

Os setores do comércio, serviços e o conjunto de variáveis que refletem a evolução das economias em nível agregado (Desenvolvimento Econômico Geral) contribuíram positivamente para o resultado entre os cinco segmentos da pesquisa. Já os demais setores caminharam em sentido inverso, sendo que o comércio foi a maior contribuição positiva e a indústria o maior peso negativo.

 

Ainda de acordo com a pesquisa, a região da Ásia, Pacífico&África foi responsável por 70% da queda do agregado do Barômetro Antecedente Global em fevereiro.

 

O indicador antecipa os ciclos das taxas de crescimento mundial de três a seis meses. Na sequência, ficou a Europa, que provocou impacto negativo com 2,2 pontos, ou 32%. "Os resultados refletem as incertezas sobre a velocidade de recuperação dos países frente ao desafio da imunização global e controle da pandemia. O Hemisfério Ocidental contribui em sentido oposto ao das demais regiões, agora de forma ligeiramente positiva no mês", informou o Ibre.

 

Também em fevereiro houve recuo em todos os Barômetros Antecedentes Setoriais. Os mais otimistas, no entanto, continuaram sendo o conjunto de variáveis que refletem a evolução das economias em nível agregado (Desenvolvimento Econômico Geral) e a indústria, com 111,1 e 110,0 pontos, respectivamente, ainda que o último tenha registrado a maior queda entre os setores no mês.

 

A segunda maior retração entre os Barômetros Setoriais foi do setor de serviços, que ainda não conseguiu recuperar as perdas causadas pela pandemia.

 

Funções dos barômetros


Os barômetros econômicos globais são um sistema de indicadores que permite analisar o desenvolvimento econômico global, sendo, ainda, uma colaboração do Instituto Econômico Suíço KOF da ETH Zurique, na Suíça, e da Fundação Getulio Vargas (FGV). Enquanto o Barômetro Coincidente reflete o estado atual da atividade econômica, o Barômetro Antecedente emite um sinal cíclico cerca de seis meses à frente dos desenvolvimentos econômicos reais. Esses indicadores se baseiam nos resultados de pesquisas de tendências econômicas realizadas em mais de 50 países. A intenção é ter a cobertura global mais ampla possível.


Fonte: Agência Brasil 

 


Veja também

Serviços registram queda de 7,8% em 2020, revela pesquisa do IBGE

O setor de serviços registrou queda de 7,8% em seu volume no acumulado do ano de 2020. Esse foi o recuo mais inte...

Veja mais
Índice de confiança do empresário recua em fevereiro pelo 2º mês seguido, diz pesquisa da CNI

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) recuou 1,4 ponto de janeiro para fevereiro de...

Veja mais
PIB voltará a crescer em 2021, mas será mais efeito estatístico que melhora

Depois de um ano em que despencou, a economia brasileira deve voltar a crescer em 2021. Projeções feitas p...

Veja mais
IBGE: vendas do comércio varejista crescem 1,2% em 2020

O volume de vendas do comércio varejista brasileiro fechou 2020 com uma alta de 1,2%, segundo dados da Pesquisa M...

Veja mais
Doze locais tiveram queda na produção industrial em 2020, diz IBGE

A produção industrial fechou o ano de 2020 com queda em 12 dos 15 locais pesquisados pelo Instituto Brasil...

Veja mais
IPCA: inflação oficial desacelera para 0,25% em janeiro, menor taxa desde agosto

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do pa...

Veja mais
Mercado financeiro eleva expectativa de inflação para 3,60% em 2021

Os economistas do mercado financeiro elevaram a estimativa de inflação para 2021 pela quinta semana seguid...

Veja mais
Indicador antecedente de emprego da FGV recua 2,2 pontos em janeiro

O Indicador Antecedente de Emprego (Iaemp), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), recuou 2,2 pontos e...

Veja mais
Inflação medida pelo IGP-DI sobe para 2,91% em janeiro

O Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), medido pela Fundação Getulio Va...

Veja mais