A venda de 15% do total da safra de soja brasileira para as demais nações do mundo, como a China, nas três primeiras semanas de junho, e a queda de 2% nas importações, possibilitaram um crescimento de 16% no saldo da balança comercial sobre o resultado do mês de maio inteiro. Somente na terceira semana a balança comercial apresentou um superávit de US$ 1,131 bilhão (média diária de US$ 226,2 milhões), valor correspondente a 43% do total de maio. O resultado decorre de exportações de US$ 3,435 bilhões (média diária de US$ 687 milhões) e importações de US$ 2,304 bilhões (média diária de US$ 460,8 milhões). A corrente de comércio no período foi de US$ 5,739 bilhões (média diária de US$ 1,148 bilhão).
A média diária das exportações na terceira semana cresceu 2,3% em relação à registrada até a segunda semana de junho, motivada pelo aumento de 9,3% nos embarques de produtos básicos, o crescimento de 5,7% nas vendas de produtos semimanufaturados. No entanto, as exportações de produtos manufaturados apresentaram queda de 8,1%.
No acumulado do mês a balança apresentou superávit de US$ 3,076 bilhões (média diária de US$ 219,7 milhões) e corrente de comércio no valor de US$ 15,878 bilhões (média diária de US$ 1,134 bilhão). As exportações ficaram em US$ 9,477 bilhões (média diária de US$ 676,9 milhões) e as importações atingiram o montante de US$ 6,401 bilhões (média diária 457,2 milhões).
Os dados informados pelo Ministério Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), apontam que o mês será o melhor do ano, ultrapassando o resultado de abril US$ 3.713 bilhões.
Para o professor de economia da ESPM, José Eduardo Balian, as exportações cresceram mesmo com a desvalorização do real frente ao dólar pelo aumento no mercado internacional dos preços das commodities como petróleo e grãos. "Temos a expectativa do barril do petróleo fechar o ano valendo US$ 90, além disso, a maior empresa exportadora de minério de ferro brasileira passou a renegociar contratos, o que deve ter facilitado seus embarques e aumentar as vendas este mês", afirmou o professor.
De acordo com Mauro Calil, professor do centro de estudos Calil & Calil, o resultado deste mês deve-se também a queda nas importações, ocasionadas pela alta do dólar frente ao real. "Este fato facilita o fechamento de contratos principalmente em produtos de nível intermediário de manufatura como celulose e aço, sendo que este último passou a ter sobretaxa na importação desencorajando sua aquisição fora do país", informou.
Em comparação com o mesmo período do ano anterior, houve uma queda de 30,9% a corrente comercial, ocasionada pela queda de 23,5% das exportações e a retração de 39,5% nas compras brasileiras. Contudo o saldo foi 65,7% superior em 2009.
No acumulado do ano as exportações totalizam US$ 64,961 bilhões, desempenho 22,1% menor que o registrado no mesmo período do ano passado (US$ 725,1 milhões).
As importações totalizaram, em igual período, US$ 52,513 bilhões A retração foi de 28,5% sobre a média do mesmo período de 2008 (US$ 639 milhões).
O saldo comercial somou US$ 12,448 bilhões (média diária de US$ 108,2 milhões), valor 25,7% maior que o observado em igual período do ano passado (US$ 86,1 milhões).
Balian relata que a tendência é de equilíbrio da balança comercial com resultados tão positivos quanto o mês de junho, mas que poderá haver uma leve queda. "As importações devem permanecer em queda, mas as exportações devem cair lentamente também, contudo iremos bater os US$ 25 bilhões no final do ano, o que é ótimo, principalmente com a crise", explicou o professor.
Com o aumento de exportações de produtos básicos, especialmente de soja à China, a balança comercial brasileira tem saldo positivo superior a US$ 3 bilhões este mês, tendo já superado todo o mês de maio.
Veículo: DCI