A primeira leitura do Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M), feita pela Fundação Getulio Vargas (FGV) mostrou uma retração superior em agosto. O indicador, que havia ficado em -0,23% na primeira prévia de julho, começou o mês em -0,68%. De acordo com a instituição, este valor é o menor para uma primeira prévia desde 1989, quando começou a série histórica do índice.
Porém, o controle da inflação no próximo ano deverá ser mais fácil, uma vez que o índice é utilizado para o reajuste de contratos de aluguel, água, energia, pedágio, entre outros.
No acumulado dos últimos 12 meses, o IGP-M registra deflação de 0,67%, o que torna o ambiente favorável aos inquilinos que estão negociando correção do aluguel. Segundo agentes do mercado imobiliário, a tendência é de que o valor pago mensalmente caia ou permaneça estável.
Para o professor de economia, José Eduardo Balian, a queda histórica é boa por um lado e péssima por outro. "Para quem paga aluguel, pedágio, água e luz isso é ótimo, pois em julho do próximo ano teremos uma retração nos preços. Mas para empresas isso cria problemas, pois elas não tem como passar os recuos, por exemplo nos salários", explicou.
Com relação a primeira leitura do mês, os preços dos alimentos contribuíram para o recuo do índice, tanto no atacado quanto no varejo. O Índice de Preços por Atacado (IPA), que representa 60% do total do IGP-M, também foi o menor da história, ao recuar de -0,48% para -1,09% na comparação entre as primeiras prévias de julho e agosto, influenciado pelo movimento do subgrupo alimentos processados, cuja taxa passou de 2,78% para -2,53%.
No corte por origem, a deflação se aprofundou entre os produtos agropecuários (de -0,82% para -1,86%) e entre os industriais (de -0,36% para -0,83%).
Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) perdeu força, passando de 0,12% para 0,01%. A principal contribuição para o recuo veio do grupo alimentação, que registrou deflação de 0,48%, seguindo uma alta de 0,20% no mês anterior.
Também tiveram decréscimo em suas taxas de variação os grupos saúde (de 0,20% para -0,04%), vestuário (de 0,66% para 0,19%) e despesas diversas (de 0,13% para -0,08%). Na ponta contrária, as taxas de habitação, transportes e educação impediram uma queda maior do IPC.
Terceiro componente do IGP-M, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) recuou na mesma comparação, passando de 0,49% para 0,30%.
Capitais
A inflação calculada pelo Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) perdeu força em quatro das sete capitais pesquisadas pela FGV. A tarifa de energia elétrica manteve a pressão e respondeu, sozinha, por 60% da inflação, os preços subiram 0,58%, após avançarem 0,57% .
Recife foi uma das cidades que registrou recuo nessa comparação, passando de 0,62% para 0,61%. Apesar disso, a taxa da capital pernambucana foi a maior registrada entre as cidades pesquisadas. As demais quedas foram registradas em Belo Horizonte (de 0,44% para 0,42%), Porto Alegre (de 0,28% para 0,26%) e Salvador (de 0,38% par a 0,34%).
Em São Paulo, a alta de 0,01 ponto percentual levou a cidade a registrar a segunda maior taxa de IPC-S entre as capitais, de 0,58%. Já a maior aceleração do indicador na passagem entre as duas semanas foi vista em Brasília, onde o IPC-S passou de 0,24% para 0,49%. O índice também teve incremento no Rio de Janeiro.
Balian afirmou que as principais alterações devem-se ao encarecimento no grupo Transportes, assim como ao recuo na produção industrial.
Veículo: DCI