Levantamento da GfK com 1.593 consumidores conclui que a maioria não compara os preços
Boa parte dos consumidores brasileiros não está habituada a fazer pesquisa na hora das compras nos supermercados. Estudo feito pela empresa de pesquisa de mercado GfK mostra que 75% dos 1.593 entrevistados não comparam preços ou produtos similares quando se trata de itens da cesta básica. Na maioria dos casos, o apego às marcas é mais forte do que o custo do item no bolso.
A diretora de pesquisa de comportamento de compra da GfK, Célia Silva, conta que o estudo mostrou que há pouca preocupação com o preço quando o produto é básico. “A diferença de preço entre itens como açúcar, arroz, feijão, óleo de cozinha costuma ser pequena. E a pessoa vai direto ao produto que está acostumada, o que mostra a força da marca”, diz. Em média, o consumidor demora 14 segundos para escolher o produto nessa seção, de acordo com o levantamento.
Para outros alimentos e produtos de limpeza , 51% dos consumidores costuma fazer a compra direto, ou seja, sem analisar os artigos concorrentes na prateleira do supermercado. No primeiro grupo, a média de tempo para pegar o produto e colocar no carrinho é de 45 segundos. Já o segundo, 32 segundos.
É no departamento de produtos para higiene pessoal que o comprador faz mais análise das opções antes de adquirir o item desejado: 50% das pessoas entrevistadas se dispõem a comparar. “Neste caso, o consumidor cheira o produto, lê o rótulo, olha a quantidade e avalia o custo benefício.”
Para a diretora da GfK, a pesquisa deixa claro que nem sempre o preço é o determinante para a compra. “O peso do preço do produto na hora da escolha é de 50%, em média. Mas não é o determinante em várias categorias”. Segundo ela, o custo benefício é sempre levado em conta, o que pode fazer com que o consumidor opte por uma marca mais cara.
A professora de gestão de marcas do Programa de Administração de Varejo (Provar), da Fundação Instituto de Administração (FIA), Flávia Ghisi, explica que a fidelização à marca também depende de classe social. “As classes de menor renda variam mais de marca até por uma questão de preço. Mas como o consumidor está mais exigente, nem sempre o custo é o que define a escolha pelo item”, explica.
Itens a mais
O estudo ainda revela que nos mercados de bairro 77% dos clientes fazem lista de compras. No caso dos que frequentam os hipermercados, 71% fazem listas, número que cai para 67% entre os que preferem os supermercados. Um traço é comum entre aqueles que não abrem mão da lista de compras: todos disseram que acabam levando para casa mais itens do que os relacionados.
Economia
Para Mauro Calil, professor e educador financeiro do Centro de Estudos e Formação de Patrimônio Calil & Calil, ao não pesquisar, o consumidor perde a oportunidade de economizar. “Se o comprador tem três marcas de que gosta e levar a mais barata, nem que seja por R$ 0,30, no final das contas vai conseguir uma boa economia”, afirma. “É como uma conta de telefone. De centavo em centavo, ela pode ficar bem cara”, afirma.
A professora Roberta Mraz, de 30 anos, é a típica consumidora fiel às marcas e que não costuma comparar preços de produtos semelhantes na gôndola. “Não gosto de arriscar com o que não conheço. Vou direto na marca que costumo comprar. E se estiver na promoção, levo mais para aproveitar o preço. É a única medida que tomo para economizar com as compras de casa”, conta.
O contador Alexandre do Santos, de 35 anos, também prefere não trocar marcas. “Até pesquiso, olho na gôndola, mas, algumas vezes, o mais caro parece o melhor e acabo gastando mais”, diz. “Acredito que as mulheres têm mais paciência dos que os homens para percorrer os corredores dos supermercados e pesquisar.”
Já a dona de casa Natália Magalhães Franção, de 23 anos, prefere pesquisar antes de comprar. “Levo a minha lista em dois supermercados perto de casa. Onde o produto está mais barato eu compro. Acho que assim economizo até 15% na compra do mês”, diz. Natália conta que não tem medo de arriscar e sempre compra produtos novos. “Mesmo assim, também tenho marcas que não troco”.
PARA ECONOMIZAR
- Saia de casa com uma lista de compras pronta e busque seguir o que está anotado
- Se não há tempo para ir em mais de um supermercado, faça a comparação no próprio supermercado
- Uma pequena diferença de R$ 0,10 pode significar alguns reais no final da compra ou até no orçamento anual da família. O consultor Mauro Calil compara essa economia à conta de telefone: de centavo em centavo, acaba formando um valor significativo.
- 75 por cento não pesquisam preços nem trocam de marca de produtos da cesta básica
Veículo: Jornal da Tarde - SP