Os pequenos e médios empresários estão mais otimistas com a economia neste último trimestre do ano, reflexo da atenuação do impacto da crise. É o que mostra o Índice de Confiança dos Pequenos e Médios Negócios (IC-PMN) a respeito das expectativas dos empresários sobre o desempenho da economia, do seu ramo de atividade e de sua empresa.
A quarta medição do índice, antecipando as expectativas do pequeno e médio empresário para o último trimestre de 2009, registrou 66,8 pontos, sinalizando que os empresários de pequenos e médios negócios estão mais otimistas do que o trimestre anterior, quando o IC-PMN registrou, em junho, 64,3 pontos. No ano passado, pouco antes dos impactos da crise financeira no Brasil, em setembro de 2008, os pequenos e médios empresários tiveram seu otimismo registrado em 69,5 pontos.
"A crise resultou em uma queda significativa da confiança do empresariado. No entanto, após um ano, as expectativas para o quarto trimestre de 2009 indicam um aumento da confiança do empresário de pequenos e médios negócios, ainda em um nível um pouco inferior ao que antecedeu a crise", explica o professor do Insper, Instituto de Ensino e Pesquisa, José Luiz Rossi.
Entre os diferentes ramos de atividade, verificou-se que o comércio (67,8 pontos) está mais otimista do que a indústria e serviços (ambos com 65,8 pontos), provavelmente resultado das medidas governamentais de isenção de tributos, especialmente o imposto sobre produtos industrializados (IPI) que estimulou o aumento das vendas no comércio.
Em cada pesquisa, há a participação de cerca de 1,2 mil pequenos e médios empresários, nas cinco regiões do Brasil, que responderam seis perguntas. O índice - dentro da escala de 0 a 100 pontos - é desenvolvido pelo Insper Instituto de Ensino e Pesquisa (ex-Ibmec São Paulo), com o Grupo Santander Brasil. Entram na pesquisa os três ramos de atividade (comércio, serviços e indústria) que faturam até R$ 20 milhões por ano.
O desempenho geral da economia foi o indicador que apresentou o maior crescimento na opinião dos pequenos empresários, passando de 61,6 para 66 pontos - o que representa um aumento de 7,1%.
O indicador que registrou menor crescimento está ligado à realização de novos investimentos, subiu de 64,2 para 64,5 pontos. O resultado indica que os empresários ainda estão cautelosos quanto à retomada efetiva da economia e, desta forma, sinalizam que ainda não recuperaram a iniciativa aos investimentos.
Outro dado que aponta inércia no processo de melhora das expectativas do setor refere-se à contratação de empregados, ao registrar 60,8 pontos em comparação a 68,4 pontos na medição feita em setembro de 2008. Talvez, devido aos custos trabalhistas para novas contratações, o empresário ainda necessita de sinais mais fortes de recuperação da economia, explica o coordenador do Centro de Pesquisas em Estratégia do Insper, Danny Claro.
Há diversas alterações no grau de otimismo dos empresários, dependendo da região na qual é realizada a pesquisa. Inicialmente, a região Sudeste apresentava o mais baixo grau de confiança (68,4). Já na segunda coleta este papel passou para a região Sul e, por fim, na terceira coleta, a região Nordeste apresentou o mais baixo grau de confiança.
Os pequenos e médios empresários nordestinos tiveram a maior queda do otimismo desde a primeira coleta de dados e o mais baixo aumento da confiança entre a segunda e a terceira pesquisa. Na amostra, são os mais pessimistas. Na avaliação dos professores, a causa da mudança deveria ser pesquisada em relação às características das empresas na região, pois pode ser uma indicação de maior dependência de crédito das empresas situadas no Nordeste.
Nas quatro pesquisas já foram divulgadas, é possível notar que o IC-PMN apresenta um comportamento semelhante a de outros índices e confirma a possibilidade de ser usado como um indicador antecedente da trajetória de algumas variáveis macroeconômicas como o PIB, produção industrial e consumo.
O IC-PMN apresentou comportamento semelhante à evolução do índice de confiança do empresário industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O setor industrial que estava extremamente otimista até a metade de 2008 passou a apresentar uma queda de confiança no fim do ano.
No encerramento do segundo trimestre de 2009, a confiança voltou a subir e, já no mês de outubro, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) registrou nível superior aos indicadores antes do auge da crise financeira internacional.
Veículo: Valor Econômico