Uma das principais dificuldades dos supermercados e consumidores parece estar longe de terminar. Na tarde da última quinta-feira, 14, a Associação Paulista de Supermercados (APAS) participou de um encontro com o Bacen, e, após a reunião, não houve consenso sobre o estabelecimento de postos fixos de troca de moedas em cidades-chave no Estado de São Paulo - o que, segundo a entidade supermercadista, contribuiria para garantir o cumprimento do direito do consumidor em receber corretamente o seu troco.
Durante o encontro, que ainda contou com a participação de representantes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban); Federação Nacional dos Bancos (Fenaban); dos Bancos do Brasil, Itaú, Bradesco e Caixa Econômica Federal; e da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj), a APAS destacou que a falta de troco nos supermercados vem acompanhada de muitos prejuízos, que em valores reais, pode chegar a mais de R$ 1 milhão por ano em uma rede de médio porte.
"Com a falta de troco, os supermercados são obrigados a arredondar os valores, o que causa grande prejuízo. Vou dar um exemplo: em uma rede de médio porte, se cada caixa arredondar R$ 2,00 por dia em troco, o prejuízo pode chegar a R$ 1.300.000,00 no ano", explica Roberto Longo, vice-presidente da APAS, que destacou ainda que o Banco Central reconheceu o problema da falta de troco em supermercados e apontou as principais causas.
"De acordo com o Bacen, cerca de 35% das moedas estão guardadas nas residências dos brasileiros, sem circular pelo mercado. O segundo problema é a redução de recursos financeiros para a emissão de moedas. A partir de 2014, o orçamento disponível reduziu em mais de 50%. Vale ressaltar que, em média, cada moeda custa R$ 0,40, ou seja, mais do que o valor de face para boa parte delas", disse o vice-presidente.
Mesmo diante desse cenário, o Banco Central não enxerga a possibilidade de conseguir mais verba para a emissão de moedas, o que na visão da APAS é um erro.
"Combinamos de estruturar uma campanha conjunta, ABRAS, Bacen e Febraban, para sensibilizar a população a levar moedas aos estabelecimentos comerciais. E os bancos disponibilizarão o papa moedas para os supermercados, com o objetivo de aumentar a atratividade para que o consumidor leve as moedas", afirmou Roberto Longo.
Para o vice-presidente, a possibilidade de trocar moedas com mais facilidade iria solucionar um problema que abala a operação dos supermercados há tempos. "A indisponibilidade de moedas em circulação causa graves problemas operacionais ao setor supermercadista como um todo e expõe o setor a uma condição desfavorável perante o Código de Defesa do Consumidor, que considera abusiva qualquer conduta do estabelecimento que dificulte o fornecimento de troco", explicou Roberto Longo.
O vice-presidente da APAS ainda reforçou que, muito embora esteja em pleno crescimento a compra via cartões de crédito e débito, a maior parte das vendas nos supermercados ainda é feita em dinheiro. "Grande parcela da população brasileira não possui conta em banco, o que faz com que o volume de transações em dinheiro nos supermercados seja muito grande, resultando em um grande volume de transações de pequeno valor, composto, quase que em sua totalidade, com a casa de centavos, daí vem a demanda por moeda."
Roberto Longo comentou ainda sobre outro problema que dificulta a vida do supermercadista com a falta de troco. "Pagamentos em cartão podem solucionar a parte da falta de troco, mas abrem a discussão para um outro problema, as taxas abusivas e a obrigação de compra de máquinas das operadoras de cartão"
Campanha de conscientização do Banco Central
Desde o dia 30 de agosto, o Banco Central iniciou campanha para despertar na população a importância de se retirar moedas de cofrinhos, gavetas e cinzeiros, por exemplo, e aumentar a oferta do numerário, a fim de facilitar o troco e, principalmente, reduzir o gasto público.
Apesar de trazer resultado em um primeiro momento, essas campanhas acabam fomentando ainda mais o entesouramento de moedas pelo consumidor, que vê nessas ações uma oportunidade de reter suas moedas e disponibilizá-las somente mediante oferecimento de uma contrapartida (como por exemplo trocar certo valor em moedas por um produto) o que inviabiliza o objetivo destas ações.
"Sabemos que o brasileiro tem a cultura do entesouramento de moedas desde pequeno, sendo estimulado a manter cofrinhos. Por isso, sempre apoiamos e enfatizamos a importância e relevância de um órgão como o Banco Central realizar a campanha veiculada nas redes sociais. Porém, a APAS acredita que o Banco Central também pode contribuir com outras ações efetivas para sanar o problema, além de realizar a campanha em mídias de massa", reforçou Roberto Longo.
Fonte: Assessoria de Comunicação da APAS