O Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela APAS/FIPE caiu 0,41% em março, no comparativo ao mês de fevereiro, o que fez o índice ficar em 0,51% no acumulado de 2018. Em apenas sete vezes dos 24 anos de histórico o mês de março apresentou deflação. Se considerarmos os últimos 12 meses esta redução de preços é ainda mais forte, com 2,13%.
“A persistência na baixa de preços nos alimentos é a conjunção de desempenhos cada vez melhores da agroindústria em produtividade, o que aumenta a oferta de produtos. Um mérito deste importante setor brasileiro que alavancou o país na saída da crise”, explicou o economista da APAS Thiago Berka, que pondera: “O consumidor brasileiro, que apesar da manutenção da renda média e massa salarial em bons patamares para uma crise tão grave, ainda sofre com índices de desemprego muito altos, o que encolhe demais a base consumidora”.
Para o economista, uma forma de os supermercados manterem suas vendas com esse novo crescimento do desemprego são potencializar iniciativas como programas de fidelidade, ofertas e promoções. “Tais práticas tem sido a tônica para tentar manter o volume de vendas em patamares aceitáveis em detrimento das margens líquidas”, concluiu Berka.
Índice de Preços dos Supermercados (IPS/APAS)
Das 27 subcategorias que compõem o IPS, apenas cinco apresentaram aumento, sendo praticamente o mesmo cenário de fevereiro.
Fonte: APAS/FIPE
Destaques de março
Na análise individualizada, o destaque do mês de março em relação a fevereiro na deflação ficou novamente com proteínas: as quedas dos preços das aves foram de 6,12%; das carnes suínas de 0,46% e, das carnes bovinas, de 0,43%. Essas reduções tiveram grande peso no índice. Os pescados, que normalmente sobem no mês devido à quaresma e ao feriado de Páscoa, ficaram estáveis, com leve alta de 0,06%. O feijão chegou à 15º deflação seguida e caiu 1,73%.
“Nas três principais proteínas (bovina, suína e aves), o movimento de queda nos preços possui a mesma explicação de fevereiro: a demanda fraca devido ao desemprego, causado pelas demissões de temporários contratados na época de festas de fim de ano, o que é comum e sazonal. Além disso, houve também o fechamento de mercados importantes de exportação, que forçam a escoação no mercado interno. Para fechar o cenário, a oferta só aumenta nos Estados produtores. Como exemplo, no Mato Grosso do Sul, que tem um rebanho importante nacionalmente de bovinos, o aumento foi de 13% no bimestre de janeiro e fevereiro, comparando 2018 com 2017. Os preços, portanto, desabam”, avaliou o economista da APAS.
Em relação ao produto típico de Páscoa, na categoria Doces – que envolvem os chocolates, bombons, sorvetes, balas e doces em geral – a queda foi de 2,47%, valor que surpreendeu o setor, pois, ao serem analisados os meses de março e abril, que é quando a Páscoa ocorre dependendo do ano, esta é a maior deflação para a data comemorativa já observada.
“Nesta categoria não estão inclusos os ovos de páscoa, porém, mesmo assim, podemos concluir que a batalha pelo consumidor foi, assim como no Natal, via preços dos produtos. Os brasileiros buscaram as promoções e mostraram certa mudança em seu comportamento de consumo, como por exemplo, mudaram dos ovos de chocolate para as caixas de bombom e chocolate em barra”, comentou Berka.
Produtos In Natura (Hortifrutigranjeiros)
Os produtos in natura (hortifrutigranjeiros) voltaram a subir, totalizando 1,88% em relação a fevereiro. Este aumento foi principalmente devido aos ovos, que aumentaram 3,69%, e as frutas, que cresceram 5,88%.
“Nos ovos este resultado já era esperado, pois o produto alcança seu pico de preços em fevereiro e março para então seguir um ritmo de queda. Este avanço em preço se dá pela forte demanda ocorrida pelo período religioso da Quaresma. Em 2017, o acumulado até abril foi de 6,63%, mas o ano terminou com deflação de -6,54%. Portanto, esta alta é um padrão histórico para o produto e não deve gerar mais pressões inflacionárias para o resto do ano”, disse Berka.
Na categoria das Frutas, os principais aumentos foram os da laranja (12,64%) e da banana (6,37%). De acordo com economista da APAS, “esse é o maior aumento da laranja na história para o mês de março mesmo para um período de entressafra – fevereiro e março. As bananas nanica e prata também estão em entressafra, porém a perspectiva é de queda para os próximos meses devido a uma possível superprodução no Vale da Ribeira, em São Paulo”.
Bebidas
Os preços das bebidas alcoólicas caíram 0,42% em março, principalmente por conta da Cerveja, que teve redução de -0,78% e, no acumulado do ano, caiu 1,53%. Nas bebidas não alcoólicas também foi observada queda de 1,20%, chegando a um total de deflação de 1,33% no ano. O grande responsável por esse número foram os refrigerantes, que reduziram 1,78%.
Produtos de limpeza.
Nos produtos de limpeza, a APAS observou queda de 0,23%, praticamente o mesmo valor de fevereiro. Apesar de duas quedas consecutivas, os preços desta categoria estão em alta de 0,68%, o que permite preços mais contidos após a aceleração observada em janeiro.
Higiene e Beleza
Nos artigos de higiene e beleza a deflação em março foi de 1,22%, atingindo queda de 1,69% no ano. Para os cremes dentais, a redução foi de 2,93%, e, para os desodorantes, queda de 2,93%.
Os 10 produtos que apresentaram as maiores variações negativas
Os 10 produtos que apresentaram as maiores variações positivas
Fonte: Assessoria de Comunicação da APAS