O Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela Associação Paulista de Supermercados (APAS) e pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), inicia o ano de 2019 em alta com crescimento de 1,01%. No entanto, esta alta apresentada em janeiro é considerada normal e está dentro das previsões.
“Este valor é historicamente normal para o mês de janeiro, mas poderia ter sido bem menor, uma vez que o preço de alguns produtos in natura apresentou comportamento acima do esperado. É natural o aumento dos preços de hortifrúti no clima quente e chuvoso do verão, que resulta em impacto e perdas nas lavouras”, explicou o economista da APAS, Thiago Berka.
Em janeiro, das 27 categorias acompanhadas 22 apresentaram inflação. Este cenário é totalmente diferente do que aconteceu no mês anterior, quando foram registrados aumentos em apenas 11 categorias.
O destaque negativo neste início de ano segue a tendência do final de 2018: o feijão. Um dos itens mais importantes no prato do brasileiro, o preço do produto subiu 16% em janeiro. Se for considerada a alta de 11% no mês de dezembro, que foi de 11%, a evolução nos últimos 12 meses chegou a 19% de aumento.
“Vale destacar que, até o final do mês passado, havia deflação de 3% no preço do feijão nos últimos 12 meses. Como é um produto culturalmente de difícil substituição ao brasileiro e, para muitas famílias, um alimento padrão e indispensável, fica muito difícil cortar ou diminuir o produto no dia a dia. Por isso, o feijão será um dos itens que mais pesará no orçamento do consumidor neste início de ano”, analisou o economista da APAS.
Basicamente, a causa deste aumento é uma forte quebra de safra nas regiões produtoras por questões climáticas – excesso de chuvas fortes na época da semeadura. Aliado a isto há também o fato de que a área plantada do feijão diminuiu 16% no ano passado. Situação semelhante ocorreu em 2016, período que apresentou recorde de preços do feijão e que teve preços por saca parecidos com o que está se alcançando hoje, cerca de R$ 400.
“Em junho e julho de 2016 o preço do quilo de feijão ao consumidor alcançou, respectivamente R$ 10,24 e R$ 10,66 para então chegar em dezembro daquele ano a R$ 5,10, após o reestabelecimento da produção. O preço do produto em 2018 ficou estável com o quilo vendido a R$ 2,90. Porém, se seguirmos essa tendência de alta e não observarmos uma safra boa em abril, o valor do quilo do feijão pode chegar a R$ 8,00”, disse Berka.
Hortifrútis comuns no dia a dia dos paulistas e que estão em alta são cenoura (27%), batata (12%), cebola (7%), maçã (8%) e laranja (8%). O tomate, grande vilão de 2018, voltou a cair e registrou deflação de 17,5% em janeiro.
Passado o Natal, os índices tradicionais da época (peru, pernil e lombo) registraram queda no preço por conta da baixa demanda e influenciaram no índice geral. O preço do peru caiu mais de 8% enquanto o frango, consumido durante o ano todo, registrou baixa de 0,9%. Os suínos caíram 2%. Já as carnes bovinas, item bastante consumido e importante no prato do brasileiro, apresentaram deflação de 0,91%.
Depois de apresentar preços estáveis ao longo de 2018, as bebidas alcoólicas e não alcoólicas apresentaram alta no preço com a onda de calor registrada no mês de janeiro e o período de férias, que geram aumento de demanda. Com isso, o preço da cerveja, que vinha de dois meses de deflação e fechou 2018 com uma queda relevante de 1,53%, subiu 1,11% em janeiro. Aguardente e vodca, usados em combinações alcoólicas, também subiram, respectivamente, em 2,1% e 1%. A água mineral, outro item bastante consumido no verão, teve alta de 2%.
Fonte: Investimentos e Notícias