Já pensou em fazer compras através de um aplicativo e esperar que o supermercado as leve em casa? Ou entrar em um deles e você mesmo registrar as compras no caixa, no seu ritmo? Ou, quem sabe, encontrar etiquetas eletrônicas com informações nutricionais dos produtos? Pois tudo isso é possível e já está disponível em alguns estabelecimentos de Salvador.
Com a ajuda da tecnologia, aquela tarefa, para muitos ingrata, de ir até o supermercado pode ficar mais rápida. Até a espera nas filas tende a ser menor. Essas inovações tecnológicas e outras novidades serão apresentadas e discutidas durante a 10ª edição da SuperBahia, feira de alimentos onde serão apresentadas, a partir desta terça-feira (23), na Arena Fonte Nova, as últimas novidades da tecnologia, produtos, equipamentos e serviços desse tipo de negócio e de outros setores varejistas.
Uma dessas novidades é o chamado self checkout - uma tendência no mundo e que, aos poucos, está chegando em Salvador. Na prática, são caixas eletrônicos de autoatendimento em que os clientes registram as próprias compras, sem a necessidade de um funcionário para passar os produtos ou confirmar o pagamento. Tudo ocorre automaticamente.
Os equipamentos têm leitores de código de barras, semelhantes às máquinas de um caixa tradicional, só que podem ser operadas pelos próprios consumidores. Segundo os empresários, isso permite maior rapidez na operação, ganho de tempo e acaba com a demora na fila - a Associação Bahiana de Supermercados (Abase) garante que a mudança reduz em até 30% o tempo de espera na fila, além de oferecer mais autonomia aos clientes.
O self checkout será apresentado durante a feira, mas alguns supermercados já implantaram essa novidade em Salvador, embora o número de estabelecimentos ainda seja pequeno. Já há exemplos na Graça, Canela e Itaigara. Na maioria dos casos, com apenas um caixa desse modelo.
Mudança de hábito
“A tecnologia suprime alguns pontos que o empresariado tinha, como a impressão de encartes, etiquetas e outras questões. Então, ela não necessariamente traz um custo adicional. O que a tecnologia muda é a experiência de compra, é uma mudança de hábito que acontece aos poucos, mas que o consumidor se adapta rapidamente”, afirma Joel Feldman, presidente da Abase.
Os clientes estão divididos. Para a professora Michele Santiago, 45 anos, o self checkout facilita o dia a dia. “Às vezes, a pessoa que está no caixa está dispersa ou é uma pessoa lenta e isso acaba aumentando o tempo de espera na fila. Com uma caixa livre para passar as compras, eu perderia menos tempo”, disse.
Já a dona de casa Joselita Oliveira, 43, vê a tecnologia como uma ameaça aos empregos. “Fico preocupada quando vejo esses avanços porque, na maioria das vezes, é a máquina ocupando um posto de trabalho. Pelo preço dos produtos, o mínimo que os mercados podem oferecer é uma pessoa para passar as compras”, afirmou.
Segundo Feldman, a tecnologia não vai suprimir os funcionários. “O supermercado é o único desses ramos que não consegue suprimir a mão de obra, porque para levar a carne precisa de açougueiro, para levar o pão precisa de padeiro, para atender bem o cliente precisa de uma equipe. E os self checkouts são poucos, então, a mão de obra não vai deixar de existir. O que a gente precisa é de gente capacitada”, diz.
No Hiper Ideal do Itaigara, um dos caixas é self checkout. A máquina fica na entrada da loja, recém-inaugurada, e está sendo usada com frequência pelos clientes. A placa acima diz que são permitidos até 20 produtos por pessoa, um alívio para quem está com pressa. Um funcionário foi colocado estrategicamente em um balcão próximo para orientar os consumidores.
Essa mesma loja aposentou as etiquetas de papel - agora são todas eletrônicas. O sinal que controla os preços é distribuído por uma antena, que o recebe de uma central. Nos fundos fica o e-commerce, que cuida da logística das compras feitas pela internet. Quando o local da entrega é próximo do supermercado, as compras são levadas de bicicleta. Caso o destino seja distante, carros fazem o serviço.
E a tecnologia não fica por aí: há produtos de última
geração, como refrigerador com motor acoplado, painéis solares e iluminação de equipamentos em LED que ajudam na economia de energia nos supermercados.
Serviço personalizado
Outra novidade já em uso são os aplicativos de compras em que os clientes recebem ações promocionais direcionadas. Assim, quem gosta de uma determinada marca de cerveja, por exemplo, vai receber os informativos quando o produto estiver em promoção. A Rede Pão de Açúcar (GPA) já trabalha com esse serviço.
“No Pão de Açúcar, temos testado o Pré-Scanning, onde um colaborador antecipa o registro das compras do consumidor, gera um QR Code e o direciona para a seção de checkout, e o Scan & Go, tecnologia em fase de testes, onde já é possível adquirir qualquer produto com a simplicidade de escanear o código de barras pelo celular e fechar a compra diretamente no aplicativo”, informou o GPA.
Já a Cencosud Brasil está investindo em tecnologia na seleção dos colaboradores. Um game será aplicado nas seleções para avaliar, por meio de situações hipotéticas vividas pelo candidato, se ele possui as competências requeridas pelo cargo e o seu nível de aderência à cultura da empresa.
“Em um contexto de transformação digital, tivemos o interesse de proporcionar ao futuro colaborador uma experiência diferenciada”, afirmou a gerente de Aquisição de Talentos da Cencosud Brasil, Christianne Ribeiro.
Futuro
As máquinas que facilitam a operacionalização das lojas são um caminho sem volta, segundo empresários, e o mundo já está experimentando mudanças até nas formas de pagamento. Um exemplo são as moedas virtuais - as compras são pagas através da transferência do dinheiro do celular para os caixas dos supermercados.
O uso de termômetros tecnológicos é outra novidade cada vez mais comum nos supermercados do mundo. Esses aparelhos permitem controlar a temperatura na loja e nos diferentes setores, o que ajuda o proprietário a não perder mercadoria, não gastar energia demais e entregar ao cliente o produto na temperatura adequada.
Ter uma boa loja virtual também é o segredo para impulsionar as vendas, segundo os empresários. Por isso, a Unilever fará uma apresentação na SuperBahia do “Meu mercado em casa”, portal de e-commerce para pequenos e médios varejistas. Na prática, o cliente fará as compras online e receberá os produtos em casa.
Já o Sebrae vai apresentar, durante a SuperBahia, o programa Varejo Digital sobre como as tendências digitais e as novas formas de consumo podem impactar o negócio do supermercadista.
Nesta terça-feira (23), das 8h às 12h30, acontece o I Café de Negócios Argentina-Bahia. O evento reunirá 16 empresas produtoras de orgânicos, vinhos, produtos lácteos e produtos de arroz (sem glúten e lactose). O objetivo é estreitar os laços econômicos entre Argentina e Bahia, pelo livre comércio com o setor de varejo de alimentos.
Nesta quarta (24), das 8h às 12h30, será a vez do VIII Fórum Baiano de Integração Varejo e Indústria, que será ministrado pelo consultor Luís Fernando Costa. Serão apresentados os Cases de Sucesso da Vigor e da Ambev.
Na Feira SuperBahia, os supermercadistas, atacadistas e donos de bares, restaurantes e lanchonetes deverão ter acesso direto à indústria e poderão negociar os melhores preços e condições de pagamento, além de conhecer as novidades em produtos e inovações tecnológicas, encontrar orientação jurídica e linhas de crédito.
Gigante
Uma pesquisa divulgada pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) em parceria com a Nielsen revelou que, em 2018, o setor supermercadista brasileiro movimentou R$ 355,7 bilhões. O montante representou 5,2% do PIB nacional. A Bahia responde por R$ 17,785 bi dessa conta.
Já a Abase informou que o estado tem cerca de 25 mil supermercadistas distribuídos pelos 417 municípios, e que mais de 10 mil estabelecimentos possuem dois checkouts. Em todo o país, são 89,7 mil lojas, gerando juntas 1,8 milhão de empregos, o que representou alta de 1,7% na comparação com 2017. Na Bahia, as mulheres ocupam 51% dos postos de trabalho nesse segmento.
A SuperBahia terá 60 expositores, com 70% deles de empresas da região Norte-Nordeste, apresentando linhas de produtos, lançamentos, equipamentos e tecnologia. Todos os alimentos expostos no evento serão doados ao Núcleo de Apoio ao Combate do Câncer Infantil (Nacci) e será feita uma doação de R$ 20 mil para a construção da nova sede dos Associação de Amigos do Autista da Bahia (Ama-BA).
A feira é organizada pela Abase em parceria com o Sindicato dos Supermercados e Atacados de Auto Serviço do Estado da Bahia (Sindsuper), e tem o apoio da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e da Nielsen. Em 2018, a feira SuperBahia recebeu 12 mil visitantes que movimentaram R$ 260 milhões em negócios.
Feira SuperBahia vai até a próxima quinta-feira (25)
A Feira SuperBahia, que trata de tecnologia para o setor de supermercados, começa nesta terça-feira (23) em Salvador e segue até a próxima quinta (25), das 14h às 22h, na Arena Fonte Nova. Segundo o presidente da Associação Bahiana de Supermercados (Abase), Joel Feldman, instituição que organiza a feira, as novidades tecnológicas serão umas das vertentes abordadas durante o evento, que vai tratar também dos impactos da reforma trabalhista e das questões jurídicas envolvendo esses segmentos.
“A SuperBahia é uma feira de tecnologia baiana para todos os setores do supermercado, como indústria, alimentos, higiene, equipamentos e tecnologia. É uma feira que movimenta todo o segmento. Serão 16 palestras técnicas, gratuitas, que ajudam a formar o empresariado baiano. Já temos 1,6 mil inscritos, mas ainda restam vagas”, diz.
O tema da SuperBahia deste ano é A Tecnologia Integrada ao Varejo de Alimentos. Serão sete palestras sobre como inserir a tecnologia no dia a dia das pequenas, médias e grandes empresas, e de que maneira ela pode tornar o atendimento mais ágil e lucrativo. A expectativa é de que 13 mil pessoas visitem a feira.
Fonte: Correio 24 Horas