Com a pandemia da Covid-19, setores essenciais, como o supermercadista, não pararam as atividades e tiveram de se adaptar a protocolos sanitários e dar atenção a novos hábitos de compra dos clientes. Uma das mudanças no comportamento, neste período de isolamento social, pode ser visto no setor de padaria e confeitaria dos supermercados.
Enquanto as vendas de pães e bolos prontos caíram em média 10% após a chegada do coronavírus, o incremento na comercialização de farinhas duplicou, segundo observação do presidente da Associação Gaúcha dos Supermercados (Agas) Antônio Cesa Longo. "As pessoas estão cozinhando mais em casa, e o preparo de doces, pães caseiros e receitas especiais é um reflexo disso". Segundo o dirigente, além da economia, a fabricação doméstica destes produtos é um passatempo para quem está em casa neste momento.
De acordo a Associação Brasileira da Indústria do Trigo, a comercialização se mantendo estável: ao redor de 9 milhões de toneladas/ano. Houve, porém, uma migração da farinha das padarias e panificadoras para o segmento industrial (massas e biscoitos) e para o consumo doméstico. Já o Sindicato da Indústria do Trigo no Estado do Rio Grande do Sul, apesar de não ter uma análise de cálculos deste ano, também avalia que o consumo se mantém estável, mas com variação: as padarias reduziram em 30% e o varejo aumentou de 10%. O sindicato prevê um volume anual comercializado pelos moinhos gaúchos ao redor de 1,5 milhão de toneladas/ano.
Neste cenário, os supermercados gaúchos, como em outras regiões, têm enfrentado imensos desafios, salienta o presidente da Agas. O segmento, no Rio Grande do Sul, é responsável por um faturamento de R$ 32,8 bilhões, o equivalente a 6,83% do Produto Interno Bruto (PIB/2019), do Estado e conta atualmente com 4,7 mil lojas e possui 99,8 mil empregos diretos.
De acordo com ele, o varejo supermercadista é um setor com grande fluxo de pessoas e, tradicionalmente, com muito contato físico. "Nossos primeiros movimentos, no início da pandemia foram de garantir o abastecimento de produtos, promover ações básicas de controle do fluxo nas lojas e de distanciamento entre as pessoas."
Longo diz que a pandemia trouxe legados. "O próprio reforço na higienização de superfícies, cestos e carrinhos, bem como os adesivos que demarcam o distanciamento nas filas, são boas práticas que seguirão após o controle do coronavírus", ilustra.
Acrescenta o presidente da Agas: "Há tempos alertamos os consumidores para a necessidade crescente do autosserviço, ou seja, é tendência que o cliente escolha o seu pacote de queijo, a sua carne pré-embalada na gôndola, minimizando os contatos nos balcões de atendimento".
Fonte: Jornal do Comércio - RS