As vendas nos supermercados do Rio de Janeiro cresceram, em média, 2,88% entre 12 de março e 11 de agosto, na comparação com o mesmo período de 2019. O mês de abril foi o que registrou a maior alta, logo no início da quarentena, quando as vendas subiram 20,55%. Já no mês seguinte, houve queda (-3,96%), assim como em junho (-0,67%) e em julho (-1,70%), para voltar a crescer em agosto (0,18%).
Na comparação com o mesmo período do ano passado, a alta nas vendas superou os 11%. Para o presidente da Associação de Supermercados do Rio (Asserj), Fábio Queiróz, o desempenho no início da pandemia foi reflexo do medo de desabastecimento por parte dos consumidores, que mudaram de comportamento após as garantias dadas pelo setor de que isso não ocorreria.
"Seguimos firme no nosso propósito de abastecer a população. Já estamos chegando a seis meses da decretação da pandemia e não há notícia de desabastecimento no setor até agora. Isso é fantástico. Países muito mais desenvolvidos sucumbiram na tarefa de abastecer o seu povo e em muito menos tempo. Aqui não há registro de saques como vimos lá fora. Isso de deve a um setor que estava preparado para trabalhar." Para ele, os supermercados provaram que são um serviço essencial.
Segundo Queiróz, ainda, que os registros de casos da covid-19 caiam, os cuidados nos supermercados vão continuar. "A gente mantém todos os protocolos de segurança e estamos aprimorando cada vez mais."
A correria para a compra de produtos no início da pandemia se refletiu na movimentação das lojas, no entanto, a alta em abril ficou em apenas 2,28%. De acordo com o presidente da associação, isso ocorreu porque o crescimento foi restrito às áreas de consumidores com maior poder aquisitivo. "Isso gerou muita preocupação, porque poderia ter uma superestocagem nas residências e isso evidenciaria o desequilíbrio social e uma injustiça no abastecimento. Quem tem mais estocaria bastante e quem tem menos poderia sofrer com desabastecimento."
Queiróz destacou ainda o entendimento do consumidor de que a ida de apenas um integrante da família seria suficiente para as compras, o que ajudou na movimentação dentro das lojas. "O número de pessoas caiu bastante em maio por causa dessa conscientização e depois se manteve um uma regularidade. Foi muito importante no combate a aglomeração dentro nas nossas lojas", indicou.
E-commerce e delivery
As compras por meio digital e pedidos de entrega em casa também ajudaram a manter as vendas do setor. Nos cinco meses, em média, o delivery (entregas) cresceu 47,86% e o e-commerce (internet), 49,86%. A maior alta da entrega em casa no período foi em maio (114,02%). Já nas compras digitais, o pico foi em abril (124,20%). "É uma tendência que veio para ficar".
Segundo Fábio Queiróz, esses serviços mudaram o perfil das compras. Os supermercados já faziam vendas dessa forma, mas, na pandemia, tiveram que reforçar a estrutura para atender aos consumidores, que preferiram manter o isolamento social, evitando sair às ruas. "A gente precisa desenvolver mais este serviço, porque o consumidor vai demandar cada vez mais", disse.
Vagas
Desde o início da pandemia houve um avanço na preparação das lojas para melhorar o atendimento aos consumidores e também nas vendas digitais e entrega em casa, o que provocou um aumento nas vagas, com a contratação de profissionais especializados. Entre eles, o auxiliar de qualidade, responsável por higienizar carrinhos e cestas de compras, checar a utilização de equipamentos de proteção por todos os colaboradores, orientar clientes para respeitarem a sinalização de chão para o distanciamento na fila dos checkouts. "Essas vagas vieram para ficar", disse a superintendente da Asserj, Keila Prates.
Outros cargos criados foram o de separador para e-commerce, entregador e os de funções mais técnicas como especialistas em e-commerce e marketing digital. "Isso mostra uma força do nosso setor se movendo no sentido da digitalização do negócio. A loja física nunca vai deixar de existir, mas estamos indo para esse caminho sem volta, que é a entrada digital nos nossos supermercados. Isso a gente verifica que é desde o pequeninho até o maior, de adequação a esse novo canal de vendas", concluiu.
A superintendente disse que parte das contratações do setor, no período, foi para repor os colaboradores afastados ou por serem de grupos de risco ou quem apresentasse qualquer sintoma da doença. Eles só podiam voltar quando não fosse comprovada a contaminação ou após sua recuperação.
Conforme os números da Asserj, afastamentos e contratações geraram 3840 vagas fixas e temporárias. "Assim que as pessoas voltavam ao trabalho, algumas das vagas temporárias eram remanejadas ou repostas, mas, no total dos cinco meses, chegamos a este número".
Segundo Keila, no início foi registrado um número maior de afastamentos, mas a partir de maio o total foi caindo. "Inicialmente houve um boom de afastamentos devido à apresentação de grau de risco, e depois essas pessoas foram voltando ao trabalho quando os supermercados também estavam mais adequados." Atualmente há 675 vagas em aberto, como indica um aplicativo usado por empresas para reportar as seus postos disponíveis, informou.
Higienização
De acordo com o presidente da Asserj, o varejo identifica com mais rapidez o comportamento do consumidor, que exige cada vez mais segurança dentro das lojas com relação aos cuidados para evitar a contaminação. Segundo Queiróz, desde o início os supermercados estavam abertos com o aprimoramento dos colaboradores e seguindo os protocolos traçados pela Asserj como a higienização das lojas, o uso obrigatório de máscaras e a disponibilidade de álcool em gel. "O nível de contaminação é baixíssimo dentro das lojas e isso é uma vitória muito grande", afirmou.
Fonte: Agência Brasil