Operação brasileira da General Mills é uma das cinco maiores fora dos EUA
Dona da Yoki e da Kitano no Brasil, a fabricante americana de alimentos General Mills conseguiu, apesar da crescente inflação em todo o mundo, registrar crescimento de receita e lucro líquido no ano fiscal de 2022, encerrado em 29 de maio.
No período, o lucro líquido somou US$ 2,71 bilhões, alta de 15,7% em base anual, e a receita cresceu 5%, para US$ 19 bilhões. O cenário macroeconômico, porém, acendeu a luz amarela para três fatores no ano fiscal de 2023, que começou nos últimos dias de maio: o bolso do consumidor, o ambiente inflacionário e a frequência e gravidade das interrupções na cadeia de suprimentos.
A projeção, informou a General Mills em seu relatório de resultados, é que haja crescimento de dois dígitos no custo de produtos vendidos. “Estimamos que a elasticidade de volume aumente, mas permaneça abaixo dos níveis históricos e as interrupções na cadeia de suprimentos se reduzam lentamente em relação ao ano fiscal de 2022.”
No ano fiscal encerrado em maio, a subida nos preços e as interrupções na cadeia de suprimentos pesaram sobre as margens. Esse efeito negativo foi reduzido por cortes de despesas gerais e de vendas. A empresa também intensificou desinvestimentos, como a venda do negócio Laticínios Carolina no Brasil, em consonância com um movimento de reformular seu portfólio globalmente.
Sem abrir números locais, o presidente da companhia no Brasil, Waldemar Thiago Jr., diz que mesmo com os ventos contrários, a operação registra “crescimento forte”. Esse desempenho colocou o país entre os cinco maiores mercados da empresa fora de Estados Unidos e Canadá. A multinacional opera em mais de 100 países.
“Temos ganhado participação de mercado nas categorias que estamos, como temperos, snacks, batata palha e farofa. Esse crescimento vem, em parte, do mercado que está bem favorável para o portfólio e, também, dos nossos investimentos”, afirma o executivo, destacando que os produtos vendidos são de consumo básico, dentro do lar e que se posicionam em diferentes faixas de preços. No último mês, lançou a linha de temperos premium, a Kitano Reserva, com produtos de maior valor agregado.
Segundo ele, o consumidor busca por economia, mas também quer risco baixo na hora de comprar. “Você tem menor risco quando vai para marcas confiáveis. Como nossas marcas principais são marcas acessíveis, como Yoki e Kitano, não percebemos tanta elasticidade.” Quem tem portfólio com uma marca forte para jogar bem no meio pode até perder numa ponta, mas ganha na outra. Quem opera mais nas pontas pode ser mais pressionado, argumenta.
O executivo reconhece, no entanto, que o cenário exige uma boa calibragem de corte de desperdícios, mix de produtos e reajustes de preços – que “tem acontecido e vão acontecer de acordo com a inflação percebida de insumos”.
A companhia também sentiu a migração das vendas para atacarejos, na busca por menores preços. “É o canal e que mais crescemos e notamos avanço mais acelerado das embalagens grandes. Por isso, lançamos versões maiores das embalagens de farofa e amendoins.” (Colaborou Cristiana Euclydes)
Fonte: Raquel Brandão e Cristiana Euclydes, Valor