Enquanto os produtores de soja e milho festejam a safra generosa mas amargam quedas nos preços, os arrozeiros gaúchos vivem situação contrária. A preparação de boa parte das lavouras foi afetada pela chuva, em dezembro, e o Instituto Riograndense do Arroz (Irga) calcula queda de até 1 milhão de toneladas na produção em relação às 8 milhões colhidas em 2009. Para a Emater-RS, a safra deve ficar em 7,5 milhões de toneladas, ante 7,9 milhões em 2009.
Como consequência, os preços apurados pela Emater-RS acumulam uma leve alta de 1,4% no fim de janeiro em relação ao mesmo período de 2009, para R$ 32,11 a saca. Nos últimos dias o Irga também verificou negócios a até R$ 33,50, patamar que mal cobre os custos de produção, estimados em R$ 33, ressalva o diretor comercial Rubens Silveira. A colheita no Estado começa este mês.
"A situação ainda pode melhorar ou piorar porque as lavouras estão em fase de enchimento de grão e precisam de luminosidade e calor", explica Silveira. Segundo ele, a quebra da safra no Estado, responsável por pouco de 60% da produção nacional do grão, e o estoque de passagem relativamente baixo no país - de menos de 1 milhão de toneladas, conforme a Conab - geram um "bom cenário de preço e comercialização" para os produtores este ano.
Para o Sindicato da Indústria do Arroz no Estado (Sindarroz), a quebra deverá ser um pouco menor, entre 5% e 10%. Mesmo assim, de acordo com o presidente da entidade, Élio Coradini, o Brasil terá de importar cerca de 1 milhão de toneladas neste ano para sustentar o consumo interno. O problema, segundo ele, é que com o dólar acima de R$ 1,70 a operação não é viável, pois o produto uruguaio posto no Brasil, por exemplo, sai por US$ 18 a saca.
A importação será necessária porque o consumo doméstico no Brasil é estimado em 12,8 milhões de toneladas por ano, enquanto a produção nacional prevista pela Conab nesta safra é de 12 milhões de toneladas. A diferença poderia ser atendida pelo estoque de passagem, mas conforme Silveira, o país deverá exportar cerca de 800 mil toneladas de arroz beneficiado no ciclo de março de 2010 a fevereiro de 2011. "Nossa meta é equilibrar exportações e importações", afirma o executivo. (SB)
Veículo: Valor Econômico