A Unilever, segunda maior empresa de bens de consumo do mundo, recebeu objeções de autoridades de concorrência da França e Itália, em dezembro, como parte das investigações envolvendo uma série de produtos.
A empresa também enfrenta investigações antitruste na Bélgica, República Tcheca, Alemanha, Holanda e União Europeia, segundo registros enviados pela Unilever às autoridades reguladoras dos Estados Unidos. A companhia não especificou os produtos ou que tipos de comportamentos estavam sob investigação.
"Em muitos casos, não está claro se as autoridades tentarão impor uma multa à Unilever e, em outros, é cedo demais para haver condições de avaliar de forma razoável o nível das multas que as autoridades podem buscar impor", informou a empresa de Roterdã no documento à Securities and Exchange Commission (SEC, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA). "A política da Unilever é cooperar integralmente com as autoridades de concorrência no contexto de todas as investigações em andamento." Trevor Gorin, porta-voz da companhia, não quis comentar de imediato as investigações antitruste.
A Unilever foi uma das três empresas multadas, em um total de € 37 milhões, pelo departamento de combate a cartéis da Alemanha, em fevereiro de 2008, por fixação conjunta de preços de detergentes e pastas de dente. Kay Weidner, porta-voz da agência antitruste, não quis comentar se uma nova investigação foi aberta.
A companhia entrou com apelação contra uma multa na Grécia, por restringir varejistas, segundo o documento enviado à SEC.
Em 2008, os escritórios da Unilever na Espanha, Holanda, República Tcheca e Itália foram investigados de surpresa por autoridades locais e da União Europeia, em casos envolvendo acusações de determinação de preços.
Ontem, a companhia também divulgou seus resultados no quarto trimestre de 2009. Seu lucro caiu 27% no período. A empresa alertou que o menor consumo e a concorrência agressiva tornarão as condições dos negócios mais difíceis em 2010.
O lucro líquido do conglomerado foi de € 831 milhões, abaixo dos € 1,14 bilhão de um ano antes, quando vendeu a divisão Bertolli de azeite de oliva para o grupo espanhol SOS por € 630 milhões. Se for considerado o desinvestimento, a receita do grupo baixou 5%, para € 9,66 bilhões. Excetuando-se fatores extraordinários e considerando as mesmas bases comparativas, o faturamento teve alta de 1,8%. O crescimento de 5% em volume compensou a queda de 3,1% nos preços.
Em 2009, a Unilever cortou preços para não perder mercado, em um cenário de recessão no qual os consumidores migraram para marcas mais baratas. O presidente da empresa, Paul Polman, disse que isso levou a ganhos de participação "que foram generalizados e melhoraram no decorrer do ano".
Em 2010, "os consumidores estarão ainda mais exigentes, e com razão", disse ele, em teleconferência. "Nossas prioridades então são ter crescimento de volume enquanto asseguramos uma melhora firme na margem de lucro."
O lucro da companhia em todo o ano de 2009 foi de € 3,66 bilhões, uma queda de 33% sobre 2008. As vendas recuaram 2%, para € 39,8 bilhões.
Veículo: Valor Econômico