Das regiões brasileiras, o Nordeste deve abocanhar a maior parcela dos cerca de R$ 10 bilhões que as três maiores redes de varejo do país pretendem investir no Brasil até 2012, começando este ano. Nos planos de investimento já apresentados até agora pelos principais grupos, como Pão de Açúcar, Carrefour e Wal Mart, foram reservados à região espaço de destaque nas estratégias de expansão no país, revela reportagem de Ronaldo D'Ercole e Letícia Lins publicada na edição desta quarta-feira do GLOBO.
O Wal Mart, primeiro dos três grupos a apostar no Nordeste, com a compra da rede de supermercado Bom Preço há seis anos, vai destinar à região metade dos R$ 2,2 bilhões que investirá no Brasil até o fim do ano. A informação é do vice-presidente executivo da Wal Mart, Marcos Ambrosano.
- Em 2009, quando abrimos 91 novas lojas no país, 44 foram no Nordeste. Nossos planos para este ano incluem mais 104 pontos de venda e a ideia é que metade destas lojas fique na região, que, para nós, é considerado um mercado estratégico - diz o executivo.
Com 28% da população do país e mais da metade dos brasileiros recebendo salário mínimo (incluindo trabalhadores da ativa e aposentados), a economia nordestina ganhou, durante o governo Lula, grande impulso com os programas sociais e a política de aumentos reais do piso salarial.
Na avaliação de Marcos Pazzini, diretor da Target Marketing, empresa de pesquisa de mercado, essa injeção de renda acabou gerando uma migração social das classes D e E, antes dominantes, para as classes C e B. Esse movimento, combinado com a atração de novos investimentos, refletiu-se diretamente na capacidade de consumo do nordestino.
O Indicador de Potencialidade de Consumo (IPC), elaborado pela Target e que mede a participação de cada região no total de consumo do país, mostra que, entre 2007 e 2009, o percentual do Nordeste subiu de 16,8%, para 18,8%, enquanto que o da região Sul, caiu de 16,8% para 16,3%.
- Com a melhora do desempenho do mercado nordestino, as empresas começaram a se preparar para atender à região, que passou a atrair indústrias, o que redundou em mais geração de emprego, e, consequentemente, mais consumo - avaliou Pazzini.
O Carrefour também viu a participação do Nordeste no faturamento total da operação brasileira saltar de 7%, em 2006, para mais de 17% no ano passado. São 34 lojas na região, entre hipermercados com a bandeira da rede francesa e do Atacadão, uma combinação de atacado com varejo (o chamado atacarejo).
Veículo: O Globo - RJ