Zanini lamenta efeitos do clima sobre a uva

Leia em 3min

Variedades viníferas são as mais atingidas, com perdas próximas a 40%

 

O estrago que as chuvas causaram nos parreirais gaúchos pode culminar em perdas de até 25%, somando as uvas viníferas e as comuns, resultando em uma produção de 550 mil toneladas, contra as 700 mil projetadas inicialmente. A alta umidade fez proliferar doenças fúngicas nas videiras, trazendo grandes prejuízos especialmente para as variedades destinadas à produção de vinhos e espumantes, mais sensíveis às adversidades do clima. No caso na uva Merlot, a estimativa é de que as perdas possam chegar a 40% em alguns casos. Na média, no Estado, a quebra nas viníferas é estimada em 30% e das comuns em 20%.

 

"É importante observar que falta 60% da produção para ser colhida, o que significa que ainda é possível que as frutas alcancem boa maturação", afirma o assistente técnico em fruticultura da Emater-RS, Antônio Conte.
Em termos de qualidade, a tendência é de redução da quantidade de açúcar das uvas, assim como altos índices de podridão. Na variedade Bordô, vários parreirais estão atingindo graduação média de apenas 12 graus Brix, considerada muito baixa.

 

Também foi constatada a ocorrência de murchamento das bagas de todo ou de parte do cacho, em variedades como Merlot e Itália. Em levantamento realizado na semana passada nos vinhedos de Bagé, constatou-se a ocorrência de perdas de até 70% em algumas áreas, devido, principalmente, às elevadas precipitações ocorridas e o surgimento de doenças fúngicas.

 

Os produtores de suco são os maiores prejudicados, caso a quebra se confirme, em função da alta demanda pelo produto, especialmente para exportação. Nos últimos três anos, o setor vem crescendo cerca de 15% ao ano em vendas e produção, e esse índice deve reduzir na safra 2010. Conte acredita que para os produtores de vinhos de mesa, no entanto, a redução produtiva pode ser benéfica pelo fato de que irá regular o mercado. "No ano passado, foi preciso fazer leilões de vinho, para liquidar os estoques", relembra o especialista. No ano passado, foram destinadas 530 mil toneladas de uvas para a indústria. Nessa safra, esse volume deve cair para 430 mil toneladas, previu Conte, e cerca de 100 mil toneladas das uvas serão consumidas in natura.

 

O presidente da União Brasileira das Vinícolas Familiares (Uvifam), Luis Henrique Zanini, destacou a importância de os produtores, a partir de agora, redobrarem os cuidados nas videiras, para "salvar o que ainda resta em termos qualitativos." O dirigente destaca que as chuvas ocorreram durante a floração e a maturação, períodos considerados críticos para a cultura. Em algumas regiões, houve produtores com perda total de seus parreirais, outros com 80% nas variedades viníferas. "Em toda a história da vitivinicultura gaúcha, nunca se viu um clima tão ruim quanto este", observou Zanini.

 

O dirigente disse que os preços a serem pagos aos produtores ainda permanecem indefinidos, mas que tendem a ser mais reduzidos. "Essa quebra terá impacto em toda a cadeia produtiva: o viticultor poderá receber menos, e a indústria terá uva de menor qualidade. É um efeito cascata", disse Zanini. Conforme dados da Emater-RS, os preços a serem pagos para variedades como a Bordô, destinada para suco, variam entre R$ 0,65 o quilo até R$ 0,70 o quilo. O preço médio pago pela variedade Niágara Rosa, para consumo in natura, está em cerca de R$ 1,00 o quilo.

 


Veículo: Jornal do Comércio - RS


Veja também

Empresas buscam soluções logísticas para reduzir custos

Várias companhias começam a perceber que as instalações de softwares e de estruturas bem pla...

Veja mais
Argentina vê dumping do Brasil em polipropileno

Junto com China, Tailândia, Vietnã, Malásia e Coreia do Sul, o Brasil voltou a ser alvo de investiga...

Veja mais
União contra exportações da UE

Os exportadores de açúcar Brasil, Austrália e Tailândia vão se reunir hoje com autorid...

Veja mais
Vendas de shopping aumentam 2,5%

A atividade comercial em shopping centers cresceu 2,5% em janeiro deste ano, na comparação com igual m&eci...

Veja mais
Preço bate recorde, mas mel tem queda

Há quatro meses em alta, o preço médio do mel brasileiro bateu recorde em janeiro, com R$ 2,86/kg. ...

Veja mais
Decisão do TRT beneficia Brasil Foods

O Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região (Santa Catarina) suspendeu decisão da Justiça do...

Veja mais
Liminares isentam farmácias de cumprir norma restritiva

No dia em que entra em vigor a resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanit&aacut...

Veja mais
Farmacêuticos têm liminar para não cumprir regra

As novas normas da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para as farmácias e droga...

Veja mais
Farmacêuticas planejam aporte de R$ 3 bilhões no país em 2010

Laboratórios: Aquisições, ampliações de fábricas e pesquisas são foco d...

Veja mais