O Grupo Ikesaki, conhecido principalmente por suas grandes lojas de cosméticos no bairro da Liberdade, em São Paulo, irá fortalecer-se em todas as suas áreas de negócios: varejista, atacadista e industrial. O grupo acabou de criar uma empresa de comunicação, com o objetivo de fomentar o setor, além de querer expandir no varejo e abrir um escritório nos Estados Unidos, para onde devem aumentar a exportação de seus produtos. O grupo está há 56 anos no mercado de beleza e cosméticos, que movimenta R$ 25 bilhões no Brasil, nas mãos da discreta família Ikesaki.
Com três lojas de cosméticos (duas no bairro da Liberdade e uma em São Miguel Paulista), a empresa contabiliza mais duas unidades atacadistas, uma loja especializada em mobiliário para salões de beleza e uma indústria de equipamentos, como aparelhos elétricos, cosméticos acessórios profissionais e móveis. Dentre suas marcas mais conhecidas, está a Taiff, de secadores de cabelo. Além disso, organizam a Beauty Fair - Feira Latino-Americana de Cosméticos e Beleza.
Com toda essa estrutura e potencial do mercado brasileiro, a meta é não parar de crescer, projetando alta de 20% este ano sobre o ano passado. De acordo com César Tsukuda, diretor executivo do grupo, entre os planos para este ano estão a abertura de uma nova unidade de varejo na capital, em Santo Amaro, neste começo de ano. Há ainda o início dos trabalhos no mercado norte-americano, com um escritório próprio nos Estados Unidos, em abril, que deve ampliar o mercado de exportação. "É a continuidade do nosso projeto lá fora. A marca Taiff já é vendida em 30 países, agora vamos lá. Não é fácil, mas acreditamos no sucesso. A China também pode ser um mercado interessante: já temos um importador que leva nosso produto para lá", diz Tsukuda. A demanda deve levar a uma expansão da fábrica do grupo.
O diretor também afirma que estão sempre de olho em oportunidades de mercado e que, apesar de serem assediados, não têm intenção de vender a empresa no momento, se colocando na posição de compradores e estudando até aquisição de outras marcas. Outra questão estudada são novos formatos para atuar e expandir no varejo; de acordo com Tsukuda, o formato da Ikesaki tem de ser de hiperloja para que sejam mantidos a enorme variedade de produtos e os espaços onde oferecem cursos para profissionais da área, o que tornou sua marca conhecida, mas há intenção de se tornar uma rede.
Histórico
Apesar de sua marca já estar difundida no meio, o grupo começou com uma tinturaria e pequena fábrica e distribuidora de produtos para lavanderia na Liberdade, que o imigrante japonês Hirofumi Ikesaki assumiu quando veio à capital. O empresário chegou ao Brasil na década de 30 para trabalhar na lavoura, com seus cinco irmãos, na cidade de Bastos, interior do estado. Em 1954 decidiu ir a São Paulo e, apesar de a tinturaria ser bem-sucedida, viu que um cabeleireiro ganhava em uma hora mais do que ele ganhava em uma tarde. Entrou no ramo dez anos depois e estendeu o seu negócio com uma loja e distribuição de produtos de beleza. Na década seguinte inaugurou a primeira grande loja de cosméticos e continuou a entrar em outros segmentos.
Desde o começo do negócio, Hirofumi percebeu que precisava estimular o setor e seus profissionais, até mesmo para também ele crescer, o que o grupo procura manter até hoje - com seus filhos na direção. Além dos cursos que oferecem, impulsionam o mercado com o crescimento da Beauty Fair desde 2005, que na sua última edição movimentou mais de R$ 210 milhões, com área 50% maior do que em 2008. Outro passo para fomentar o setor é a criação de uma empresa de comunicação, que está desenvolvendo um programa de televisão de beleza, que irá ao ar na TV Gazeta, uma revista especializada, um portal e livros e DVDs para profissionais.
Segundo Roberto Ikezaki, hoje presidente do grupo, "o Brasil é o terceiro mercado de beleza no mundo [atrás só do dos Estados Unidos e do do Japão]e merece um novo canal de comunicação". Gillian Borges, diretora da nova empresa, estima que no Brasil haja entre 200 e 220 mil salões de beleza profissionais, sendo que ao todo são mais de 350 mil, mostrando o tamanho do mercado.
Mercado
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), para 2010 a projeção é de um crescimento real entre 10% e 12%. O setor fechou o ano passado com uma receita de R$ 25 bilhões, um aumento de 15% sobre o ano anterior. Descontando a inflação, a alta é de 11,8%.
Em relação à participação de cada canal de distribuição, 33,96% dos produtos são comercializados via varejo, 30,76% no atacado, 29,89% por venda direta e 5,26% por meio de franquias.
Veículo: DCI