Antecipação do plantio causa nó logístico para soja e milho

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A logística é a responsável por atravancar a comercialização da soja e do milho no Mato Grosso, seguida da infraestrutura e sobrevalorização do real. Um dos motivos foi a antecipação do plantio da safra dos dois produtos, causada pelo excesso de chuvas, que antecipou também a colheita e apressou o escoamento da produção.


De acordo com João Birkahan, coordenador do centro de comercialização de grãos da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), a tarifação do frete sofreu um reajuste de 47,25%, se comparado ao mesmo período em 2009.


Segundo o coordenador, outro agravante é o fato de o Paraná, como o Mato Grosso, ter adiantado o plantio da soja em função da antecipação das chuvas nos meses de agosto e setembro. Como os dois estados iniciaram a colheita mais cedo, o Mato Grosso acabou sem opção de transporte para os grãos. "Os caminhoneiros preferiram ficar no Paraná. Estão mais perto de casa e vão faturar o mesmo", afirma. Birkahan disse ainda que as condições das estradas, principalmente da BR 163 - que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA) - são precárias, o que contribui para a decisão dos transportadores. "A soja hoje é comercializada apenas da mão para a boca", diz.


Além da falta de transporte e das más condições das rodovias, cálculos do coordenador apontam que em 2009, o frete de R$ 210 por tonelada, com o dólar cotado a R$ 2,30, resultava em uma despesa de US$ 91,30 por tonelada. Hoje, o frete passou para R$ 240, com o dólar a R$ 1,79, com gasto de US$ 134,07 de frete. "Sinal de que o governo [federal] não está fazendo direito o dever de casa."


As cerca de nove milhões de toneladas de milho da safra passada que ainda ocupam os silos, segundo Rafael Ribeiro de Lima Filho, zootecnista e consultor da Scot Consultoria, precisam ceder lugar para a soja. "Isso ajuda a pressionar para baixo o preço do milho ao produtor", afirma.


Levantamento do centro de comercialização de grãos da Famato estima quatro milhões de toneladas de milho nas mãos dos produtores mato-grossenses.


Para o consultor, apoio do governo federal por meio de leilão Prêmio de Escoamento por Produto (PEP) seria uma opção de solução para o milho estocado.


Filho explicou que em muitas regiões, principalmente no centro-oeste do Mato Grosso, o preço da saca de 60 quilos de milho praticado não paga o custo de produção ou acarreta prejuízo para o produtor. Em Sorriso, por exemplo, o grão é negociado a R$ 8, ante um custo de R$ 17.


Em contrapartida, com a soja, a maior quantidade de oferta e a questão da logística são os vilões dos preços baixos praticados hoje. De acordo com Filho, a soja tem custo médio de produção de R$ 29,30 e é vendida a R$ 28.


Estatística do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) indica que 50% da área plantada de soja no estado já foi colhida, o que corresponde a 3.061 milhões de hectares. "Coincidentemente 50% da soja já foram comercializados, por meio de contratos físicos, para entrega futura", comenta o coordenador.


Segundo Birkahan, até o fim do ano, 12 milhões de toneladas de milho mais 18 milhões de soja terão de ser escoadas. "Em junho deve entrar 8 milhões de toneladas da nova safra de milho."


Argentina


Para o coordenador, o anúncio dos argentinos de que vão paralisar a comercialização da safra 2009/2010 da soja em apoio aos produtores de trigo, que protestam contra política do governo local para o cereal, deve causar no mercado apenas um efeito psicológico. "Pode fazer o mercado correr um pouco, mas o impacto será apenas psicológico. Eles não pararam de produzir", diz.


A logística é a responsável por atravancar a comercialização da safra de soja e de milho no Mato Grosso. Segundo especialistas do setor, um dos motivos do caos no escoamento da produção foi a antecipação da safra de ambos os produtos, causada pelo excesso de chuvas, que antecipou também a colheita.


De acordo com João Birkahan, coordenador do centro de comercialização de grãos da Federação da Agricultura do Mato Grosso (Famato), o frete teve um reajuste de até 47,25%, na comparação com o mesmo período do ano passado, o que aumentou os custos para o produtor, que também enfrenta problemas de infraestrutura e de câmbio.


Veículo: DCI


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