Samsung volta ao mercado de linha branca

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A reviravolta no mercado brasileiro de eletrodomésticos e eletroeletrônicos no ano passado - quando a linha branca se tornou líder de vendas, passando à frente das linhas de áudio e vídeo, tecnologia e telecomunicações - despertou a atenção da Samsung para uma falha no seu portfólio. O Brasil é o quarto maior mercado mundial de eletrodomésticos - depois de Estados Unidos, China e Japão -, mas o setor havia ficado à parte das estratégias da multinacional coreana, mais conhecida no país pelos seus televisores, monitores e celulares. Em 2005, a iniciativa de lançar eletrodomésticos superpremium no Brasil, como refrigeradores de duas portas (side by side) de R$ 15 mil, não teve o sucesso esperado. Agora, porém, a empresa renova a investida, desta vez com produtos mais em conta (o side by side mais caro é de R$ 4 mil).

 

"Nossa oferta continua sendo de produtos premium, porém eles se tornaram mais acessíveis", diz o diretor da divisão de eletrônicos de consumo da Samsung, Márcio Portella Daniel. A divisão significa 40% do faturamento da fabricante no país (o restante corresponde às áreas de tecnologia da informação e telecomunicações), e deve receber um novo impulso com as novidades trazidas pela empresa, anunciadas ontem para o varejo em evento em São Paulo.

 

Além dos refrigeradores e das máquinas de lavar e secar roupas, importados da Coreia do Sul e da China - que chegam às lojas no fim de abril, na véspera do Dia das Mães -, a Samsung anunciou o início da produção local de condicionadores de ar e de uma linha de áudio e vídeo em três dimensões: (televisores de 40 a 65 polegadas em LED e de 50 a 63 polegadas em plasma, blue ray e home theater).

 

A empresa não revela o investimento na produção das duas linhas na Zona Franca de Manaus, mas espera que os novos produtos, incluindo a linha branca, possam até dobrar o faturamento da divisão de eletroeletrônicos de consumo. "Nossa expectativa é de um aumento de, no mínimo, 50% neste primeiro ano", afirma Daniel.

 

A aposta no Brasil faz todo o sentido. Segundo dados da Euromonitor, o crescimento do mercado brasileiro nos últimos três anos em todas as categorias que a Samsung está apostando foi maior que o mundial. Enquanto a venda de refrigeradores, por exemplo, cresceu 2,4% no mundo entre 2007 e 2009, no Brasil o salto foi de 25%. Em lavadoras, o crescimento foi ainda mais significativo: 27%, contra uma ligeira queda de 0,2% no consumo mundial. É claro que, para esse desempenho, contou o incentivo do governo de diminuir a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na linha branca (medida que vigorou de abril de 2009 a janeiro de 2010).

 

"Foi a redução do IPI que alçou a linha branca ao topo das vendas de eletroeletrônicos e eletrodomésticos em 2009, passando à frente de áudio e vídeo, tecnologia e telecomunicações, que tradicionalmente lideram", diz o consultor da GfK Oliver Römerscheidt. Segundo a Gfk, de janeiro a novembro, as vendas no varejo de eletroeletrônicos e eletrodomésticos somaram R$ 56 bilhões, com alta de 7% sobre 2008. Desse total, a linha branca representou 26,2%, contra 22,5% de telecomunicações, segunda colocada.

 

Por enquanto, a Samsung vai importar só refrigeradores e lavadoras de roupa, mas estuda outras categorias para o segundo semestre. Nos Estados Unidos e na Europa, diz Daniel, a multinacional trabalha com fogões, microondas, aspiradores, entre outros produtos. Aqui, o portfólio de eletrodomésticos traz como diferencial a tecnologia Silver Nano Health System, que promete eliminar as bactérias presentes no ar, nos alimentos e nas roupas por meio da ionização de nano partículas de prata.

 

Para este ano, porém, a GfK espera uma nova arrancada dos equipamentos de áudio e vídeo, por conta da Copa do Mundo. Para atender a demanda a Samsung apresenta seus aparelhos 3D, a grande aposta do setor de eletroeletrônicos. "Vamos lançar um pacote promocional, que inclui DVD blue Ray, TV de 40 polegadas, home theater, um filme ('Monstros e alienígenas') e dois óculos, por R$ 8 mil", diz Daniel, que garante que, mesmo separadamente, o valor dos produtos será "competitivo". De acordo com o executivo, os grandes varejistas terão algumas das suas lojas preparadas para receber os produtos, como uma sala especial para 3D. "Mas mesmo que a TV esteja na prateleira, basta o consumidor colocar os óculos ativos (com sensores infravermelhos) para ver as imagens", diz.

 

As expectativas em ar condicionado também são positivas. No último verão, por sinal, faltou produto nos pontos de venda. Segundo a Whirlpool, uma das maiores competidoras do setor, dona das marcas Brastemp e Consul, no primeiro bimestre deste ano a venda foi três vezes e meia maior do que a do mesmo período de 2009. "Mas havia demanda para quatro vezes e meia, porque o calor foi gigante", disse o presidente da Whirlpool na América Latina, José Drummond Jr, ao Valor.

 

Mais um motivo para a Samsung iniciar a produção local de ar condicionado, marcada para junho. No passado, a empresa também havia testado essa categoria. Este mês já chegam às lojas alguns modelos split importados, com preço de entrada de R$ 1,2 mil. Daniel prevê que todo o mercado de ar condicionado no país seja de 2,5 milhões de unidades este ano (60% split). Dentro de três meses, serão produzidas em Manaus as linhas split, de "janela" e um modelo próprio para instalações comerciais, o VRF, que promete consumir de 30% a 50% menos de energia.

 

Veículo: Valor Econômico

 


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