Antes mesmo de chegar o Dia das Mães, as redes do varejo já se programam para aproveitar a "festa do consumo", que vem desde o segundo semestre do ano passado tanto que projetam alta de até 30% em vendas - 150% a mais do que o estimado por especialistas ouvidos pela DCI. Exemplo de otimismo é a iniciativa da rede de lojas Berlanda, de abrir cinco lojas até o Dia das Mães. Entre as mais estabelecidas, como o Grupo Pão de Açúcar, dono de redes como o Ponto Frio e Extra Eletro, além da Casas Bahia, a expectativa é que as vendas continuem em alta. Desta forma, as varejistas garantem que têm estoques em dias para atender à demanda forte para a data, que só perde para o Natal em volume de vendas.
Interessadas em garantir os estoques fartos, as redes já negociam com a indústria e planejam aproveitar ao máximo as vendas apimentadas, neste ano, com a expectativa de crescimento também com a Copa do Mundo, na África do Sul, em junho e descartam a hipótese de alta nos preços. Segundo os comerciantes, não será aceito nenhum movimento contrário ao consumo, como aumento de preços.
Para Hugo Bethlem, vice-presidente do Grupo Pão de Açúcar (Companhia Brasileira de Distribuição), a expectativa do comércio para as datas é muito grande e não cabe alta nos preços de produtos durante a Copa ou mesmo no Dia das Mães. "Não existe possibilidade, não há espaço para qualquer correção nos preços, por causa de oferta e procura", disse ele, ao DCI.
A companhia promete também manter as alíquotas baixas do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) até o final dos estoques de móveis, produtos que tiveram procura 70% maior nos meses de janeiro e fevereiro, nas lojas do grupo.
Segundo Bethlem, que preferiu não revelar números, a expectativa da rede para as datas é positiva e, confirma que já sente o crescimento na procura por itens, principalmente da linha marrom e eletroportáteis. "Quando o ano é ruim a gente já ajuda a mãe e, quando o ano é positivo a gente ajuda mais ainda. Acho que todo mundo vai dar presentes, coisas pra ela curtir. Já a Copa, acho que será uma explosão no que diz respeito a venda de TVs e DVDs, e toda a linha de Som e Imagem."
O executivo da empresa de Abilio Diniz e do grupo Casino, afirma que as compras para este trimestre de forte sazonalidade estão ativas e descarta compras por especulação. "Não fazemos estoque especulativo para nada, só se você tem uma previsão muito forte de que vai faltar mercadoria, o que até agora não há", explica. O diretor afirma também que: "Estamos comprando volumes acima do que estávamos comprando no ano passado, mas efetivamente esses volumes estão sendo vendidos".
Sobre as negociações com os fornecedores, Bethlem diz que ocorrem sem problemas: "É sempre uma questão de volume e de resultado. Não só nós, mas a concorrência toda está aquecida". "Tivemos reunião com o Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV), na semana passada, e a Luiza Helena presidente do IDV e dona do Magazine Luiza, estava muito animada com a previsão de vendas dela; por isso, acho que o período será muito positivos para o comércio em geral.".
Concorrência
Nas lojas Berlanda, com 120 unidades no Sul, a expectativa de vendas no Dia das Mães é grande e vai levar o empresário Nilson Berlanda a inaugurar 5 novas unidades até a data, até maio. A intenção é alavancar alta de 30% nos negócios, apenas com a comercialização de presentes para as mães. "Acho que este será o melhor dos últimos sete anos", conta o empresário, que afirma: "Nossa expectativa é enorme porque, desde o fim do ano as vendas estão em alta".
Berlanda conta que as negociações com a indústria estão mais apertadas, por causa da especulação sobre alta nos preços; porém o empresário garante que não há possibilidade de vender mais caro no período. "Vamos manter os preços na média em que estão hoje", diz.
A Cybelar, forte no interior paulista, as compras para o Dia das Mães já começaram e serão acima de 10% maiores, vê Ubirajara Pasquoto, presidente da rede. Quanto as vendas, o diretor afirma que devem ter alta entre 20% e 25% no período, considerando todas as categorias, da linha branca à linha marrom. Segundo ele, as a negociação com a indústria está cada vez mais truncada, por causa das margens apertadas nas duas pontas. "As negociações estão mais difíceis, porque os fornecedores estão mais inflexíveis."
Para o executivo, os produtos mais comprados serão computadores, eletroportáteis; produtos para o lar, e principalmente a linha de itens voltados para mulher, como: chapinha e secadores de cabelos. "Ano passado a gente estava com a crise, mas agora a procura já é bem maior", avalia.
De acordo com Marcos Gouvêa, diretor-geral da consultoria especializada em varejo Gouvêa de Souza (GS&MD), alguns setores da cadeia produtiva foram mais cautelosos, em 2009, com o crescimento da demanda; porém, mesmo com a pressão inflacionária causada pelo descompasso entre oferta de demanda, os comerciantes não aceitam qualquer aumento de custo nos produtos na hora de repor os estoques. "Em alguns segmentos da distribuição, o varejista é tão forte que consegue protelar, ou até mesmo evitar o aumento dos produtos que serão vendidos", afirma. "Isso acontece porque o varejo está bem estruturado para negociar com a indústria esses aumentos de preço", explica.
A reportagem procurou Magazine Luiza, Carrefour e Walmart Brasil, mas as empresas preferiram não se pronunciar sobre as vendas de Dia das Mães.
Veículo: DCI