Fruto de um investimento de R$ 12 milhões, fabricante inaugura em agosto unidade em Sergipe com meta de dobrar participação na região
O consumo no Nordeste brasileiro vive uma fase de enorme ebulição. Em nenhum lugar do país a taxa de crescimento registrada pela Estrela, tradicional fabricante brasileira de brinquedos, é tão alta quanto na região. O faturamento da companhia lá cresce 40%ao ano, enquanto no consolidado nacional a receita deverá ser elevada em 20% em 2010. O problema é que, mesmo comeste boomnas vendas, a Estrela temapenas 10% de participação no Nordeste.
A culpa da baixa participação na região é atribuída ao alto custo do frete, que tem funcionado como um freio de mão para o avanço da Estrela na região. Esta situação era um tanto quanto frustrante para o presidente da companhia, Carlos Tilkian.
A partir de uma decisão estratégica tomada no final de 2008, em agosto ele planeja reverter este cenário. Nesta data, a fabricante vai trilhar o caminho percorrido por muitas fabricantes de alimentos e inaugurar sua primeira fábrica no Nordeste – e a terceira do país.
O local escolhido para implantar sua nova unidade industrial foi o povoado Serra do Machado, localizado emRibeirópolis (SE) e sugerido por João Carlos Paes Mendonça, do grupo JCPM, que é amigo de Tilkian e desenvolve projetos sociais na região.
Fruto de um investimento de R$ 12 milhões, a nova unidade tem a incumbência de colocar a Estrela na liderança da venda de brinquedos no Nordeste. “Com esta fábrica emSergipe, pretendemos conquistar, em um ano, 20%de market share e nos tornarmos o número um de um mercado muito pulverizado”, promete Tilkian.
Com a fabricação local, oexecutivo vai conseguir uma vantagem primordial para o seu negócio. Sem o repasse do custo do frete, o nordestino finalmente passará a pagar pelos brinquedos da marca o mesmo valor desembolsado por paulistas, cariocas, mineiros e gaúchos. Na prática, isso significa que os brinquedos chegarão às lojas com um valor 10% inferior ao que vinham sendo praticados na região. “Nosso grande desafio no Nordeste era equacionar um cálculo baseado em brinquedos de grande
volume em pequeno valor. Com o frete isso era impossível. A fábrica chega para resolver esta equação”, diz.
Criada para atender exclusivamente às regiões Norte e Nordeste, a nova fábrica deverá responder por 50% de todos os brinquedos que amarca pretende vender na região no Dia das Crianças, em outubro.
Tilkian explica que o mercado nordestino sempre teve menos opções, menos estrutura de empresas e um poder aquisitivo que nunca fez chegar às mãos das crianças da região brinquedos commuita sofisticação ou eletrônica embarcada. Por conta disso, o público infantil teria desenvolvido uma predileção por brinquedos maiores, a exemplo de bonecas de 1 metro de altura e carrinhos gigantes.
Atualmente, 80%das vendas da boneca Amiguinha, lançada pela Estrela na década de 70, são compradas por lojistas do Nordeste. O item tem 90 centímetros. “A fábrica local temo objetivo de desenvolver produtos específicos para aquela região”, explica Tilkian.
Na prática, isso significa que a Estrela poderá fechar parcerias com costureiras da região e passar a encomendar roupas de bonecas a elas. O artesanato, muito forte no estado, também poderá ser incorporado à linha de produção. “Existe a possibilidade de criarmos produtos lá que resgatem a cultura local para comercialização em todo país”, promete. A Estrela espera obter o retorno do investimento nesta fábrica em cinco anos.
Veículo: Brasil Econômico