Embora o consumidor esteja comprando mais produtos com características sustentáveis, ainda custa caro incorporar frutas, legumes e verduras orgânicos (cultivados sem fertilizantes ou agrotóxicos) na alimentação diária.
Nos supermercados do Grande ABC, enquanto o quilo do tomate comum custa R$ 3,99, a versão cultivada organicamente vendida em embalagem de 600 gramas não sai por menos de R$ 6,89. Situação semelhante ocorre com a cebola, o kiwi e a batata doce, entre outros hortifrutis.
Para a sócia-diretora da consultoria de varejo GS&MD - Gouvêa de Souza, Daniela Siaulys, os varejistas multinacionais estão se esforçando para adaptar essas práticas de consumo à realidade brasileira. "É preciso que a demanda pelos itens industrializados e orgânicos cresça para que os preços sejam mais competitivos", diz.
Estes produtos orgânicos têm período de cultivo mais demorado em relação aos normais, porque é banido o uso de agrotóxicos e o manejo da cultura ocorre de maneira diferenciada.
Executivos de supermercadistas ouvidas pelo Diário confirmam que, em algumas variedades de frutas, legumes e verduras, a disparidade no preço pode alcançar a casa dos 200%. Entretanto, entre os industrializados ou perecíveis, como carnes bovinas, a variação é menor.
Segundo o gerente de sustentabilidade da norte-americana Walmart, Yuri Feres, a rede fez acordo com fornecedores, portanto "os 1.500 itens considerados ecologicamente corretos têm preços igual ou menor em relação aos produtos comuns."
EQUIPARAÇÃO - No mercado é possível encontrar, por exemplo, um amaciante concentrado - considerado sustentável por usar menos embalagem e água na fabricação - que custa 24% a menos que o tradicional de dois litros.
O Walmart fez no ano passado pacto com grandes fornecedores para que eles desenvolvessem uma versão sustentável dos produtos líderes de vendas. O resultado foi que itens como detergente em pó, coloração para cabelos, polpa de tomate entre outros itens têm preços iguais ou inferiores aos comuns.
Mas também há exceções, como o chá mate, considerado sustentável por consumir menos tinta na embalagem, ainda tem preço um pouco maior que o tradicional.
Mesmo assim, a categoria de orgânicos registra forte crescimento. No Walmart o avanço ultrapassa os três dígitos (acima de 100%). No Grupo Pão de Açúcar, o resultado também é animador, segundo o diretor de sustentabilidade da rede, Paulo Pompilio.
A meta dos supermercados é aumentar a gama destes itens nas gôndolas para torná-los acessíveis a uma camada maior da população, inclusive, por meio das marcas próprias e exclusivas. "Para os próximos anos, almejamos ao menos que a metade do mix de algumas categorias seja composta por produtos orgânicos",diz Feres.
Veículo: Diário do Grande ABC