O retorno de Saul Klein

Leia em 3min 20s

O herdeiro do fundador da Casas Bahia vai montar uma nova rede no interior de São Paulo de olho nas classes C e D

 

Desde que vendeu a sua participação acionária na Casas Bahia por cerca de R$ 1,5 bilhão, Saul Klein, o filho caçula de Samuel Klein, fundador das Casas Bahia, se afastou completamente dos negócios no varejo. Não porque queria, mas sim porque, ao deixar a empresa criada por seu pai, assinou um contrato que previa uma quarentena de cinco anos – cláusula que poderia ser quebrada se a Casas Bahia, presidida por seu irmão e rival Michael Klein, fosse vendida ou se associasse a uma outra empresa.

 

E, desde que a rede de sua família e o grupo Pão de Açúcar assinaram um acordo – agora rediscutido por ambas as partes –, Saul passou a atuar nos bastidores de modo a preparar o seu retorno ao setor que corre em suas veias. Os planos para a sua volta já começaram a ser delineados.

 

DINHEIRO apurou que Saul pretende erguer grandes galpões em cinco cidades do interior de São Paulo. A ideia é criar uma rede de eletromóveis para atuar no chamado atacarejo, mescla de atacado com varejo. Com isso, ele atenderia tanto os consumidores como pequenos varejistas das regiões próximas aos municípios de Campinas, Sorocaba, Ribeirão Preto, Marília e Araçatuba. Procurado pela reportagem, Saul não retornou as ligações e disse, por meio de sua secretária, que não se pronunciaria sobre o assunto.

 

Sabe-se, porém, que Saul ainda estaria avaliando qual o melhor tamanho para cada loja. Os projetos incluem galpões de 15 mil metros quadrados, de 20 mil metros quadrados e de 25 mil metros quadrados. Os pontos de venda mirariam, preferencialmente, os consumidores das classes C e D. Experiência e dinheiro em caixa para financiar essa empreitada não faltam ao empresário.

 

Saul comandou a superintendência comercial das Casas Bahia por décadas e era temido por seus fornecedores, usando o poder de fogo da rede para espremer as margens da indústria.  “Também sempre teve uma visão estratégica além de seu tempo. Quando eu comandava a Semp Toshiba Informática (STI), ele foi o primeiro executivo do varejo não especializado a apostar na venda de computadores”, diz Marcos di Lascio, dono da Kelow Computadores.

 

Capitalizado: quando deixou a Casas Bahia, Saul embolsou R$ 1,5 bilhão. Parte desse dinheiro será usada nas novas empreitadas

 

Esse não é o primeiro movimento de Saul de olho no mercado varejista depois de ter saído da Casas Bahia. No início do ano, ele teria tentado comprar a Insinuante, de Luiz Carlos Batista. “Nunca houve qualquer tipo de contato nesse sentido”, disse Batista à DINHEIRO. “Ele é meu amigo, mas nem cogitamos essa união.”
 


As tentativas de Saul: o empresário teria feito uma proposta pela baiana Insinuante no começo do ano e ainda pode avançar sobre as Lojas Colombo, do Rio Grande do Sul

 

Uma saída mais fácil para Saul ganhar mercado com mais rapidez seria comprar uma rede já existente. “Teria de ser uma cadeia de médio porte”, diz Eugênio Foganholo, da consultoria Mixxer Desenvolvimento Empresarial. Nesse caso, as Lojas Colombo, com sede em Farroupilha (RS), seriam a noiva da vez.

 

Com um faturamento estimado em R$ 1,5 bilhão e 342 pontos de venda espalhados nas cidades do Sul e do interior de São Paulo, a rede se encontra em um dilema. Seu fundador, Adelino Colombo, completará 80 anos dentro de seis meses e não tem um sucessor.  “Não recebi qualquer proposta de compra. Aliás, mesmo que receba, não estou disposto a aceitar”, disse Adelino à DINHEIRO. “No máximo, posso discutir uma proposta de parceria, mas ela teria de ser estudada e analisada nos mínimos detalhes.” Saul está de olho.

 


Veja também

Supermercados e magazines têm alta de até 40%

Grandes varejistas como o Grupo Pão de Açúcar, apesar de ainda não terem fechado os dados fi...

Veja mais
Beleza interior

É essa a nova aposta da empresária Cristiana Arcangeli com a Beauty'In, uma grife de "aliméticos", ...

Veja mais
Na cola do Viagra

EMS é o primeiro laboratório a obter a licença da Anvisa para produzir o genérico da p&iacut...

Veja mais
Viagra

A caixa com dois comprimidos de Viagra custa em média R$ 60, ou seja, R$ 30 cada pilula. Na Argentina, onde a pat...

Veja mais
Café

O Ministério da Agricultura está finalizando uma norma para regular a qualidade do café vendido no ...

Veja mais
Estado persegue recorde na soja

Projeções apontam perspectiva de produção histórica da oleaginosa no Rio Grande do Su...

Veja mais
Argentina veta comida importada do Brasil

Nova barreira argentina entra em vigor no próximo mês e País avisa que vai retaliar   Depois ...

Veja mais
Adidas vem com tudo para brigar pelo Brasil

Empresa quer dobrar fatia no mercado e até tomar patrocínio da Nike na seleção   Com ...

Veja mais
Bikes novas e modernas aderem à onda retrô

Depois que o ator Brad Pitt foi fotografado no começo do ano andando com uma bicicleta preta totalmente retr&ocir...

Veja mais