De uma Copa para a outra, preços de TVs caem até 70%

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Recuo do dólar, evolução tecnológica e aumento da produção local dos aparelhos nos últimos anos explicam a queda dos preços

 

O sonho de assistir aos jogos da Copa do Mundo numa TV fininha está mais acessível ao bolso do brasileiro. Desde a última Copa, em 2006, até hoje os preços desses televisores no varejo caíram mais de 70% e os prazos de pagamento oferecidos pelas lojas triplicaram, chegando a 30 meses. Recuo do dólar, evolução tecnológica, montagem dessas TVs no País e, sobretudo, aumento de produção explicam o barateamento do eletroeletrônico.

 

Quatro anos atrás, o preço mais frequente encontrado nas lojas de um televisor de 42 polegadas de Plasma ou com tela de cristal líquido (LCD, na sigla em inglês) era R$ 7.999, segundo pesquisa feita a pedido do Estado pela empresa especializada em coleta de preços Shopping Brasil. O levantamento foi feito a partir de anúncios de 77 redes de lojas em jornais e encartes.

 

Hoje o preço mais frequente de um televisor de LED de 42 polegadas, aparelho com tela mais fina que as TVs de LCD tradicionais e com maior qualidade de cor, graças a mais de uma centena de LEDs (diodo emissor de luz) nas bordas, é R$ 2.799, de acordo com o levantamento feito em 84 redes varejistas. A queda é de 65%, sem descontar a inflação acumulada no período que foi de 21,12%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fipe.

 

A mesma pesquisa revela que o menor preço do equipamento anunciado quatro anos atrás era R$ 4.999. Atualmente a cotação mais baixa para essa TV é R$ 1.279, uma redução de 74,4%. Segundo a pesquisa, houve retração de 58,5% nos últimos quatro anos no maior preço de mercado encontrado para equipamento, de R$ 12.999 para R$ 5.399.

 

"Hoje o preço de uma TV de LCD é 10% do que custava uma televisão de Plasma no início dos anos 2000, quando esses aparelhos começaram a ser vendidos no País", lembra o analista de Produto da Panasonic, Daniel Kawano. Em 2004, essas TVs eram fabricadas fora do Brasil, estavam sujeitas ao Imposto de Importação e custavam entre R$ 20.000 e R$ 22.000.

 

Segundo o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Lourival Kiçula, o forte recuo dos preços das TVs fininhas ocorreu porque a indústria começou a montar os televisores no País e em grande escala. "O dólar foi responsável por uma pequena parcela desse recuo de preços", observa o executivo. Entre maio de 2006 e hoje, a cotação da moeda americana teve retração de quase 20%, de R$ 2,30 para R$ 1,88.

 

Como 60% do valor da TV de Plasma ou LCD é o painel - antes importado pronto da Ásia -, com a nacionalização do produto, isto é, a montagem local da tela a partir dos componentes comprados no exterior, os custos de produção diminuíram. Nas contas do diretor da chinesa AOC, fabricante de TVs em Manaus (AM), Alberto Nairo, só com a montagem local dos painéis houve uma redução de gastos com tributos da ordem de 40%, referente ao Imposto de Importação (20%) e ao Imposto sobre Produtos Industrializados (20%) sobre itens importados.

 

Em 2007, lembra o gerente geral de TV, Áudio e Vídeo da Philips, Eduardo Junqueira, as vendas de TVs planas (Plasma e LCD) não passavam de 300 mil peças. É uma parcela insignificante no total de 11,2 milhões de televisores, a maioria de aparelhos de tubo (cinescópio) vendidos naquele ano.

 

Salto. Por causa da Copa, a Eletros projeta para 2010 um mercado total, que inclui TVs de tela fina e de tubo, de 11,5 milhões de televisores, 20% maior em relação a 2009 (9,6 milhões de aparelhos). Desse total , mais da metade (65%) deve ser de TVs planas e o restante (35%) de televisores de tubo.

 

É a primeira vez que o volume vendido de TVs planas vai dar um salto e superar o de TVs de tubo. No ano passado, a fatia das TVs planas foi de 45% e as TVs de tubo responderam por 55% no total de aparelhos comercializados. Junqueira calcula que serão comercializados neste ano 6,5 milhões de televisores de tela fina.

 

Já no primeiro trimestre deste ano as vendas de TVs de tela plana ultrapassaram as de televisores convencionais. De janeiro a março, foram comercializados no total 2,630 milhões de aparelhos, um volume 30% maior em relação a igual período de 2009, segundo dados da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).

 

Desse total, 57% ou 1,515 milhão de TVs são de tela plana, quase o dobro (98%) do que foi vendido no mesmo trimestre de 2009. Já as TVs de tubo responderam por 47% do total e um volume 11% menor em relação ao comercializado em igual trimestre do ano passado.

 

Os varejistas contabilizam a procura crescente por televisores com mais tecnologia. De janeiro a abril, as redes Extra e Ponto Frio, do Grupo Pão de Açúcar, por exemplo, registraram crescimento de 110% nas vendas de TVs em geral em relação ao primeiro quadrimestre de 2009.

 

Leonardo Pagonotti, gerente comercial de Áudio e Vídeo do Pão de Açúcar, informa que os volumes comercializados de TVs de tela fina cresceram 180% no quadrimestre em relação a 2009, enquanto houve retração de 70% nos televisores convencionais.

 

Veículo: O Estado de São Paulo


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