Os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam um crescimento bastante positivo no volume de vendas do varejo de 12,8% e 8,0% nos acumulados do primeiro trimestre de 2010 e dos últimos 12 meses, respectivamente. Fatores como massa salarial crescente e índice de desemprego estável ou em queda refletem na confiança do consumidor. Além disso, este ano apresenta outro fator muito importante: a Copa do Mundo de Futebol. Esse evento esportivo, que acontece em junho e julho na África do Sul, mexe com o coração do brasileiro e no desempenho das lojas que vendem eletroeletrônicos, artigos esportivos, produtos com a marca da seleção, bares e restaurantes.
Em ano de Copa do Mundo, tradicionalmente cresce o comércio de eletroeletrônico, mais especificamente televisores. As redes estão reforçando os estoques em aproximadamente 50%, ante o mesmo período do ano passado. Desta vez, o fator tecnológico ajudará a impulsionar ainda mais as vendas. Os lojistas calculam que as tevês de LCD e de plasma com tamanhos entre 32 e 42 polegadas representem cerca de 90% dos produtos negociados no período do Mundial.
No primeiro trimestre do ano, a Copa do Mundo já ajudou a alavancar as vendas de produtos escolares. Grandes redes venderam mais de 300 mil unidades de cadernos licenciados com capa da seleção brasileira. E, com a proximidade dos jogos, o número de beneficiados aumenta, como é o caso dos bares e restaurantes com aparelhos de televisão. A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes espera um faturamento do setor de R$ 3,64 bilhões entre junho e julho - cerca de R$ 840 milhões de acréscimo na comparação com um período sem evento.
O segmento de produtos esportivos também espera aumentar o faturamento. As lojas projetam crescimento nas vendas de camisetas das seleções que disputam a Copa, além de uma série de outros itens relacionados ao futebol.
Outro fato alentador é a estimativa de analistas do mercado financeiro para a expansão do PIB, que oscilou de 6,06% para 6,26%, neste ano, segundo o boletim Focus, divulgado pelo Banco Central (BC). Para o crescimento da produção industrial, neste ano, a expectativa subiu de 9,54% para 10,30%.
Essas estimativas ocorreram na segunda semana de maio, no exato momento do estouro da crise fiscal na União Europeia, com violentos protestos na Grécia. O otimismo do mercado financeiro, até o momento, mostra que os efeitos da crise europeia sobre o Brasil foram pequenos. Além disso, o megapacote de socorro financeiro de US$ 955 bilhões lançado pelos governos da zona do euro para combater crises sistêmicas da região trouxe de volta fortes altas nos mercados acionários e de commodities.
O ponto negativo no segundo trimestre de 2010 foi a decisão do Banco Central de aumentar a taxa básica de juros de 8,75% para 9,5% ao ano. O próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, dias antes da medida, disse que não identificava até agora inflação de demanda no Brasil, ou seja, falta de produtos. A alta de juros beneficia aqueles que vivem dos títulos do governo e aumenta a dívida pública. Enquanto isso, aqueles que produzem e criam empregos são prejudicados.
Veículo: Jornal do Comércio - RS