Café caro nem sempre é o melhor

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Idec analisou 25 marcas dos tipos torrado e moído vendidas em São Paulo. Resultado mostra boa qualidade

 
 
O brasileiro adora café. Tanto que a primeira refeição do dia é chamada de café da manhã. A adoração por este grão é tamanha que na próxima segunda-feira iremos comemorar o Dia Nacional do Café. Agora, o que poucos sabem é que nem sempre o café mais caro é o de melhor qualidade. Pelo menos é o que constatou uma recente pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).

 

Ao todo, foram analisadas 25 marcas de café torrado e moído vendidas em São Paulo. Foram atribuídas notas de zero, que seria muito ruim, até 10, considerado excelente. Alguns dos quesitos avaliados foram fragrância do pó, defeitos, acidez, amargor, sabor e adstringência.

 

De forma geral, os produtos estão mais para bons do que para ruins na questão de qualidade, já que a média dos itens pesquisados recebeu nota 5,56. “Na questão da qualidade do produto estamos bem. Não encontramos em nenhuma das marcas pesquisadas resíduos de agrotóxico ou de matéria estranha. Alguns apresentaram pequenos problemas em relação a embalagem e rotulagem, mas que não chegam a ser uma questão de ilegalidade”, explica Mirtes Peinado, responsável pela área de teste e pesquisa do Idec.

 

A melhor nota entre as 25 marcas foi para o Café Pelé Gourmet — que custa R$ 17,16, o quilo— com pontuação 7,4. Já a lanterna ficou com o café Bom Dia, que teve nota 4,5. Nesse caso, o quilo saiu por R$ 7,98.

 

O preço também foi uma variável importante. O mais barato entre os selecionados foi o café Poupe Mais, marca que pertence ao supermercado Walmart. O quilo sai por apenas R$ 7,56. O menor preço não resultou uma qualidade ruim. A nota conseguida pelo Poupe Mais foi de 5,1, o 9 melhor entre os 25 pesquisados. Isso garantiu ao Poupe Mais o melhor custo benefício entre todos os analisados.

 

Na outra ponta da tabela, na questão de preço, ficou o Native Premium Orgânico, considerado um café superior feito com 100% de grãos do tipo arábica (melhor que o Robusta). O quilo é vendido por R$ 30,88 e na pontuação de qualidade ele ficou apenas na quinta posição. Logo atrás do Café Brasileiro Supreme Gourmet que sai por R$ 14,36, o quilo. “A pesquisa mostrou que o consumidor não deve olhar somente o preço na hora de comprar”, ensina Mirtes Peinado.

 

Algumas dicas podem ajudar o consumidor na hora da compra. “É preciso olhar bem a embalagem do produto na prateleira do supermercado. Ver se tem a presença de furos, algum rompimento, ou mesmo contaminação por algum inseto, por exemplo”, explica Mirtes.

 

Teste cego surpreende

 

A pedido do DIÁRIO, um grupo de seis baristas do Suplicy Café fez um teste cego com seis marcas selecionadas aleatoriamente entre as 25 pesquisadas pelo Idec. Foram analisados: Bravocafé, Native Premium Orgânico, Taeq Orgânico, Pilão, 3 Corações e Moka. Foram colocados 100 gramas de cada um deles dentro de recipientes com números de 1 a 6. Todos foram feitos da mesma forma, usando um litro de água e coados.

 

A primeira prova consistiu em cheirar o pó para definir qual tinha o melhor aroma. “Quanto mais aroma o café tiver, mais novo ele é. Café antigo perde o aroma e o sabor”, explica Marco Antônio Suplicy.

 

Depois de sentir o odor, chegou a hora de provar. Um a um, os seis foram experimentados. Ganhou o Native Premium Orgânico, seguido pelo Bravocafé. Em terceiro, empatados, ficaram Pilão e 3 Corações, seguidos por Moka e, em último, o Taeq Orgânico — o segundo mais caro do grupo. Com exceção do Taeq, os demais não surpreenderam o grupo.

 

Empresa se adapta à lei

 

Em quinto lugar no ranking da preferência, o quilo do café Native Premium Orgânico chega a custar R$ 30,88. Leandro Nogueira, gerente de desenvolvimento da marca, explica que o modelo de agricultura utilizado — sem o uso de produtos químicos — mais as práticas de cultivo diferenciadas, encarecem o produto. “Adotamos este modelo, pois agride menos o ambiente e é economicamente sustentável”, explica Nogueira. O café Native também foi melhor colocado no teste cego realizado pelo DIÁRIO.

 

Após a pesquisa do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), que detectou a falta do endereço do produtor na embalagem do café, a Native informa que adicionou a informação que faltava, além de outras mais como o ponto de torra, tipo de moagem. Além disso, a empresa mudou especificação “premium”, como manda a norma da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

 

Procurados, os fabricantes dos cafés Taeq Orgânico, que ficou com a 6 posição, Pilão, com a 10, 3 Corações e Moka, com a 24, não retornaram até o fechamento desta edição.

 


Veículo: Diário de S.Paulo


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