Planta em Patos de Minas será ampliada para produzir leite condensado e em pó.
A Cooperativa Central Mineira de Laticínios (Cemil) vai manter os planos de investimentos de R$ 85 milhões, entre 2010 e 2012, para ampliar a capacidade produtiva, mesmo com o recuo de 10% do faturamento no primeiro quadrimestre frente a igual período de 2009. A obra de expansão da planta de beneficiamento da cooperativa, em Patos de Minas, no Alto Paranaíba, está orçada em R$ 45 milhões.
De acordo com o presidente da Cemil, João Bosco Ferreira, a queda de 10% registrada no faturamento, cujo valor não foi informado, se deve à lenta recuperação dos preços do leite em pó e de outros produtos lácteos no mercado internacional.
Com os baixos preços praticados no exterior, as indústrias exportadoras ainda não retomaram os volumes de vendas registrado no período pré-crise e optaram por comercializar o produto no mercado interno. O aumento da oferta contribuiu, ao longo dos primeiros quatro meses de 2010, para a redução dos valores do leite.
De acordo com os dados da balança comercial do agronegócio mineiro, entre janeiro e abril os embarques de produtos lácteos alcançaram US$ 13,231 milhões, o que representa uma queda de 65,90% no valor exportado em igual período do ano anterior.
Em volume, a retração foi de 61,21%, com exportação de 5,293 mil toneladas contra 13,648 mil toneladas registradas no mesmo períoro anterior. Os preços acumulam recuo de 12,08% frente aos praticados no primeiro quadrimestre do ano passado. A tonelada de produtos lácteos foi avaliada em US$ 2,499 mil, enquanto o preço ideal, conforme representantes do setor, é de US$ 4 mil por tonelada.
Segundo Ferreira, outro fator que contribuiu para a perda de receita líquida foram os preços pagos aos produtores, que tiveram forte recuperação e chegaram a R$ 0,78 por litro em abril. A alta provocou aumento dos custos nas indústrias e dificuldade de repasse dos valores para o consumidor final que, diante do aumento do litro do leite longa vida nos supermercados, reduziu o consumo. O valor atual do litro está em torno de R$ 1,50, enquanto os custos industriais são de R$ 1,60.
"Estamos trabalhando em uma situação difícil. O período entre maio e agosto seria de alta nos preços do leite longa vida devido à seca e a redução da oferta, porém os preços estão em queda, o que mostra um resultado atípico e sem previsão de melhora", alertou Ferreira.
A aposta da Cemil para recuperar a rentabilidade é na ampliação do mix de produtos. A expansão da planta da empresa tem como objetivo a produção de leite condensado e posteriormente de leite em pó, que apresentam maior valor agregado.
O investimento na unidade de Patos de Minas será dividida em duas fases. Em princípio, a planta irá produzir leite condesado e a capacidade de captação de leite será duplicada. Hoje a coleta está próxima de 400 mil litros de leite por dia. Nessa fase serão realizados aportes de R$ 25 milhões. As obras de ampliação foram iniciadas este mês e a inauguração está prevista para final de novembro.
Após a conclusão da primeira fase serão investidos R$ 20 milhões na adaptação da indústria para a fabricação de leite em pó. "As obras em Patos de Minas já foram iniciadas e estamos concluindo a fase de terraplenagem. A intervenção será importante para aumentar nossa linha de produtos, agregar valor e expandir o mercado de atuação da Cemil", disse Ferreira.
Através da expansão do mix, a Cemil pretende iniciar as exportações de leite em pó e condensado, o que favorecerá o fortalecimento da cooperativa no mercado de lácteos.
Planta em Caruaru - O segundo projeto da cooperativa para 2010 é a construção de uma planta para o processamento de 200 mil litros de leite diários em Caruaru, em Pernambuco. O projeto está em desenvolvimento e as obras estão previstas para início em dezembro. O investimento estimado é de R$ 40 milhões.
Uma das expectativas de Ferreira, para alavancar o desempenho da empresa, é a concretização do projeto de união das operações da Cemil com a Cooperativa Central dos Produtores Rurais (CCPR/Itambé), a Minas Leite, a Centroleite, de Goiás, e a Confepar, do Paraná. Com a junção, o megagrupo será a maior empresa de lácteos da Améria Latina.
A união ainda está em fase de análise e ainda não foi estimada data para aprovação ou não do processo. "Com a união esperamos resolver um dos principais problemas enfrentados atualmente, que é a grande instabilidade nos preços do leite", disse Ferreira.
Veículo: Diário do Comércio - MG