No início de 2008 o setor de shopping centers empregava 629,7 mil pessoas, entre funcionários do próprio empreendimento e das lojas, de acordo com a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). Pelas projeções de Luiz Fernando Veiga, diretor-executivo da entidade, o segmento deve fechar 2008 com um contingente aproximado de 655 mil funcionários. "Só com os novos centros de compras que serão inaugurados no decorrer do ano, serão cerca de 25 mil contratações", afirma, lembrando que as inaugurações têm maior peso na oferta de vagas.
Segundo a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), nos últimos cinco anos o mercado de shopping centers gerou mais de 80 mil empregos, entre o pessoal das lojas e da administração. "Este ano, entre inaugurações e expansões, serão criadas mais de 28 mil vagas", estima o presidente da associação, Nabil Sahyoun. Ele diz que boa parte das ofertas surgirá no Sudeste, onde está concentrada a maioria dos projetos. Conforme o último censo da entidade, no ano passado 45% das obras e projetos estavam na região.
Pesquisa realizada em julho pela Abrasce confirma o impacto positivo dos shoppings no nível de emprego. A sondagem comparou dados sócio-econômicos de cidades médias que tiveram empreendimentos abertos entre 2000 e 2004 e de municípios do mesmo porte sem nenhuma inauguração. "A oferta de empregos cresceu 24% nas cidades com shoppings e 13% nas demais", informa Veiga, da Abrasce.
Empresas com atuação concentrada em shoppings, como Renner e Biagallo, acabam engrossando esse tipo de estatística. Na Renner, todas as seis lojas abertas no primeiro semestre estão em shoppings. A rede de lojas de presentes Biagallo, que já tinha três pontos funcionando em centros de compras, abriu outros dois neste ano, no Bourbon Pompéia (São Paulo) e no Shopping Palladium (Curitiba). Contratou 19 pessoas, que, como as 53 anteriores, estão lotadas em shoppings. "Eles oferecem conforto, segurança e um leque de opção para os consumidores" justifica a sócia-diretora da empresa, Petra Sanches Pippa.
Emprego em alta costuma ser sinônimo de relações tranqüilas entre patrão e empregado, inclusive nos shoppings. O trabalho aos domingos, motivo de muita polêmica, já é coisa do passado. "Ninguém queria trabalhar nos domingos e feriados. Hoje os funcionários disputam o dia, porque a jornada é menor e os rendimentos melhores, já que o domingo se consolidou como um dia de boas vendas. Só quem está há mais de dez anos no comércio ainda resiste a trabalhar nesse dia", diz Ricardo Patah, presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, mercado que emprega 430 mil dos 6 milhões de comerciários formais existentes no Brasil. Pelas estimativas de Patah, cerca de 200 mil comerciários paulistanos estão lotados em shoppings.
O tabu da abertura do comércio aos domingos caiu por terra com a edição da Lei nº 11.603, de 5 de dezembro de 2007, que acabou com a interferência dos sindicatos no tema. Até então o trabalho aos domingos e feriados era permitido só quando estivesse autorizado em convenção coletiva de trabalho, o que significava que em cada região vigorava uma regra. Com a nova legislação, apenas o funcionamento em feriados passa pelo crivo dos sindicatos, ao passo que a operação nos domingos tem que respeitar apenas a legislação municipal. "Hoje 97% dos shoppings abrem aos domingos e esse é o segundo melhor dia de faturamento", diz Sahyoun, da Alshop, lembrando que o sábado mantém a dianteira porque a carga horária é maior.
O Sindicato segue colocando como prioridade a qualificação dos comerciários paulistanos. Atualmente a entidade possui convênios assinados com mais de cem entidades educacionais. "As exigências aumentaram. Hoje em dia a maioria dos shoppings só contrata funcionários com o segundo grau completo", afirma o sindicalista Patah, lembrando que até inglês já é requisito básico para algumas empresas instaladas em shoppings, como a joalheria H. Stern.
Os lojistas não ficam atrás no quesito qualificação. A área de treinamento da Alshop capacitou mais de 146 mil pessoas nos últimos seis anos. Segundo Nabil Sahyoun, de janeiro a agosto foram treinadas 15.440 pessoas, em comparação às 14.400 de idêntico período de 2007. A expectativa, diz ele, é de que 25 mil pessoas sejam capacitadas pela associação ao longo de 2008, um contingente que supera em 8% o total do último exercício.
Veículo: Valor Econômico