Retrato das gôndolas do futuro

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Sustentabilidade deixará de ser marketing para virara obrigação. Embalagens, por exemplo, trarão dados sobre impactos da produção das mercadorias para o meio ambiente e certificado de origem

 

As embalagens das massas, vendidas nos supermercados, exibem informações que vão além da receita e das calorias do produto. Textos informam qual foi o impacto que a produção do alimento causou no Efeito Estufa (conjunto de gases presentes na atmosfera que retém cada vez mais o calor irradiado pela Terra) e como a empresa compensou a emissão de gás carbônico. Ao lado, no setor de carnes, os pacotes com fatias de picanha têm também algo diferente: dados sobre onde e como o animal foi criado, atestando que foi abatido de maneira indolor e informações de como a empresa compensou o gás metano, que o ruminante produziu em vida.

 

Não se trata de um supermercado ecológico, mas de um estabelecimento convencional do Brasil, de qualquer esquina de São Paulo, no futuro, precisamente em 2020. Esse é o cenário previsto por especialistas em varejo.

 

"A divulgação dessas informações nas embalagens será obrigatória, exigida por lei e pelos consumidores", disse o professor de Responsabilidade Social e Ambiental do curso de Administração da Escola Superior de Propaganda e Marketing ( ESPM), Maurício Turra. "O varejo é que será o precursor das mudanças, uma vez que é ele e não a indústria quem mantém contato direto com os consumidores", acrescenta. Turra participa em 17 de junho de workshop sobre o assunto, com a palestra "Sustentabilidade no varejo", (informações: 11 5081 8225).

 

Revolução – Os novos rótulos são apenas uma das pontas da revolução que está em andamento no mundo e no País e que inclui mudanças na produção e na área de Recursos Humanos.

 

O conceito de desenvolvimento sustentável veio para ficar, apesar de no momento estar mais associado ao marketing das empresas.  "O que hoje é um diferencial de negócio será uma obrigação no futuro e uma exigência dos consumidores", diz a diretora da Arbache Consultoria e autora do livro Projetos Sustentáveis: Estudos e Práticas Brasileiras (Editorama),  Ana Paula Arbache. "Estamos em um período de transição no Brasil. Mas logo teremos selos e certificações que serão exigidos pelos consumidores", afirma.

 

Interesse – A pesquisa O Observador 2010, realizada pelo instituto Ipsos/Cetelem, mostra que já é expressivo o número de brasileiros preocupados em consumir produtos não-poluentes, saudáveis e que favoreçam o equilíbrio com a natureza. A pesquisa indicou que 24% da população brasileira se declara consciente ou comprometida com esse conceito.

 

Os especialistas reconhecem que os desafios para as empresas não são pequenos. Turra dá um exemplo. "No conceito de sustentabilidade, uma loja não é responsável apenas pelo que oferece nas prateleiras, mas pela maneira como seus fornecedores trabalham. Se ele utiliza trabalho infantil toda a cadeia está comprometida."

 

Ana Paula afirma que não se trata de adotar ações filantrópicas esporádicas. "O principal desafio é conseguir integrar todas as áreas de uma companhia em um projeto de gestão sustentável."

 

As grandes empresas sinalizam o caminho. Na semana passada, no Dia do Meio Ambiente, 5 de junho, a Ambev divulgou ousadas metas para 2012. A gigante do setor de bebidas pretende reduzir em 11% o consumo de água necessário para a produção da cerveja.

 


Veículo: Diário do Comércio - São Paulo


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