Inovação em vez de tradição na hora do chá

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Nestlé vai se lançar nesse mercado com um sistema semelhante ao do Nespresso

 

Estarão os hábitos europeus de beber chá, refinados ao longo de 400 anos, maduros para mudanças? A Nestlé, gigante suíça de alimentos e bebidas, acha que sim. A companhia pretende seguir o sucesso de seu sistema de cápsulas de café Nespresso na Europa com um produto similar para o mercado de chás. O nome: Special T.

 

O sistema será introduzido em breve na França e, se tiver êxito, em grandes países europeus. Depois disso, os mercados potenciais incluem Rússia, Turquia, Estados Unidos e até as grandes cidades da China. A implantação do Special T é chefiada por Henk Kwakman, executivo da Nestlé que encabeçou o programa do Nespresso. Para ele, o fato de a hora de se tomar chá ser valorizada em vários países do mundo é a prova de que a aposta tem tudo para dar certo.

 

A Nestlé não inventou a cápsula de café ? essa honra é reivindicada pela Illy da Itália ?, mas a companhia suíça a transformou num sucesso de marketing global. O processo do Special T é muito parecido ao usado nas máquinas de café para cápsulas. Cápsulas de alumínio seladas contendo folhas de chá são inseridas na máquina, que então reconhece qual dos 25 blends ? incluindo chá preto, chá verde, chá branco, chá azul e infusões ? foi escolhido. O tempo de preparo e a temperatura da água são regulados para combinar com o blend.

 

Após a oferta introdutória, a máquina será vendida na França por 129 (US$ 160) e cada dez cápsulas vão custar 3,5. Um filtro novo será oferecido com compras a granel de 150 cápsulas. O custo é parecido com o do Nespresso, que se situa entre o que é vendido em supermercados e num café.

 

Mas será que o mesmo modelo funcionará com os amantes de chá? "Vai levar algum tempo" admite Kwakman. "Ainda há um trabalho para explicar por que a máquina está aí e como ela oferecerá benefícios." Para ele, os benefícios incluem levar chá de qualidade, preparado da maneira certa, para um público amplo.

 

Expansão. Em certos aspectos, o momento escolhido pela Nestlé parece mesmo favorável. Os benefícios para a saúde percebidos para o chá ? seu teor de cafeína é menor que o do café e estudos apontam para propriedades antienvelhecimento ? ajudaram o mercado a se expandir nos últimos anos. E as vendas de comidas e bebidas tradicionalmente se sustentam durante recessões econômicas.

 

O mercado de varejo europeu ocidental para chás veio crescendo anualmente em cerca de 3,5% na última década, e subiu para 4 bilhões em 2009 ? 20% das vendas globais ? ante 2,8 bilhões uma década antes, segundo a empresa de pesquisa de mercado Euromonitor International. A título de comparação, o mercado europeu de café movimenta 12,8 bilhões.

 

Mas não faltam céticos prontos para derrubar as ambições com chá da Nestlé. Apesar de ser líder em café, a companhia é, de certa forma, uma iniciante em chá; até agora, só ofereceu chás gelados, por exemplo. Depois, há a conveniência estabelecida pela dupla saquinho e chaleira. "Se o mercado está pronto para isso? É possível, mas há muita competição", diz Fabien Maiolino, diretor da Maison des Trois Thes, uma compradora, distribuidora e consultoria de chá, baseada em Paris.

 

Maiolino destaca que, por outro lado, pode levar tempo para a empresa persuadir os consumidores mais sofisticados de chá em folha e aromatizado. Ele observa, ainda, que companhias chinesas também estão estudando uma entrada na Europa, depois de já terem se expandido na Ásia.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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