Alta definição ganha espaço na casa dos brasileiros

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Entretenimento: Cresce oferta de programação e televisores HD

 

Acompanhar cada detalhe dos jogos da seleção brasileira ganhou um significado mais amplo na Copa de 2010. Com televisores em alta definição, milhões de brasileiros conseguem ver todas as nuances das jogadas, expressões dos jogadores e reações do público nos estádios da África do Sul.

 

A tecnologia, que há quatro anos dava seus primeiros passos no país, hoje já é realidade. Todos os envolvidos na cadeia estão preparados para oferecer conteúdo e equipamentos com definição de 1.920 por 1.080 linhas, o padrão de mais alta definição disponível para a TV, ou full HD.

 

A programação com qualidade superior está disponível na TV paga e na TV aberta. Para receber os canais, é preciso ter uma televisão compatível com a tecnologia full HD e, no caso da TV aberta, um conversor que capta o sinal da TV digital.

 

Como a maioria dos televisores full HD mais recentes já vem com o conversor embutido, o sinal de canais abertos, como Globo, Bandeirantes e RedeTV, fica melhor que o dos pacotes comuns de TV por assinatura, sem conteúdo em alta definição. Para aproveitar melhor a tecnologia, os assinantes de TV paga precisam assinar um pacote específico em HD com a empresa de TV da qual são clientes. A estimativa é de que operadoras como Sky, Net, TVA e Embratel , que estão apostando nesse tipo de oferta, tenham 500 mil assinantes adeptos da alta definição.

 

Na TV aberta, o sinal de alta definição chega de forma gratuita a 70 milhões de pessoas que moram nas cidades cobertas pela TV digital. As emissoras já têm boa parte de seu conteúdo nesse formato, principalmente eventos esportivos, novelas e programas de auditório.

 

Só nos primeiros quatros meses de 2010 os consumidores compraram 800 mil televisores LCD full HD no Brasil, metade dos 1,6 milhão de aparelhos vendidos no período, segundo a consultoria GfK Retail and Technology. Em um ano, o crescimento nas vendas foi de 261%. De acordo com a GfK, os aparelhos de LCD são responsáveis por 93% das vendas de TVs de tela fina.

 

O aumento das vendas é reflexo da evolução natural do mercado, mas foi influenciado pela Copa do Mundo. Nos anos em que o evento acontece, a dinâmica das vendas de televisores se inverte e a demanda se concentra no começo do ano, não na época do Natal, como ocorre normalmente. Os preços mais atraentes e a possibilidade de ver os jogos em alta resolução - pela primeira vez a toda a Copa será transmitida em HD - conquistaram o consumidor.

 

"Quem tem oportunidade de ver um jogo em alta definição, vai fazer o que estiver ao seu alcance para continuar desfrutando dela", diz Liliana Nakonechnyj, diretora de engenharia da Rede Globo.

 

Segundo a executiva, a alta definição está presente em praticamente todo o horário nobre da Globo, além dos jogos de futebol, filmes e shows. Detectar o que não está neste formato é fácil: a imagem não preenche a tela, o conteúdo aparece só no centro, ladeado por barras pretas.

 

Na evolução para o HD, Liliana diz que o maior desafio é migrar o jornalismo. "As matérias são captadas por câmeras no Brasil e no exterior, e chegam às emissoras por uma infraestrutura de transporte capilarizada, cuja adequação não ocorrerá da noite para o dia", explica.

 

Desde que a TV digital entrou em funcionamento no Brasil, há pouco mais de três anos, as emissoras de TV aberta estão investindo em equipamentos, cenografia, maquiagem e treinamento de suas equipes. Kalled Adib, superintendente de operações da RedeTV, destaca o trabalho feito com os profissionais que captam as imagens - os câmeras. "Eles precisam fazer enquadramentos que permitam que uma mesma imagem possa ser vista sem cortes tanto por quem tem uma TV de alta definição quanto por aqueles que ainda têm um aparelho de tubo", diz.

 

Segundo Adib, todo o conteúdo da RedeTV é produzido em alta definição. O executivo afirma que, apesar de o investimento não se reverter em aumento de receita para as emissoras - não dá para cobrar mais por um anúncio, ou pelo sinal, como na TV paga - ele traz uma vantagem que pode ser usada pela emissoras para aumentar sua receita: a melhoria na qualidade do sinal para quem tem uma TV convencional. Com isso, o espectador se sente estimulado a ficar mais tempo na frente da TV. E quanto mais audiência, maior a probabilidade de vender publicidade.

 

Para Fernando Medin, vice-presidente e diretor-geral da Discovery Networks, a alta definição favorece a produção de programas gravados fora dos estúdios, como esportes e documentários. "Com o HD você pega coisas que não são captadas na resolução padrão, detalhes que ajudam a contar melhor a história", diz. A Discovery hoje só grava em alta definição, diz o executivo.

 

Em termos de custos, a questão não é mais escolher gravar em definição padrão ou HD, diz Medin, mas procurar as regiões geográficas que oferecem maiores vantagens econômicas. Por conta da maturidade dos mercados, na Europa e nos Estados Unidos o custo é entre 10% e 15% menor que na América Latina.

 

A Discovery tem dois canais em HD nas grades das TVs por assinatura do Brasil, ambos lançados em 2009 e com programação independente dos outros nove oferecidos no país. "O consumidor não vê muita vantagem quando o canal tem a mesma programação nas duas tecnologias", afirma Medin.

 

O momento é bom para a adoção de HD, mas por enquanto o conteúdo disponível na Discovery nesse formato está de acordo com a necessidade do mercado, diz o executivo. O lançamento de canais novos só está previsto para 2011.
 


Veículo: Valor Econômico


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