Gigante japonesa monta operação de guerra para lançar, durante a Copa, televisão que transmite jogos em 3D
O juiz mal havia apitado o fim da partida entre África do Sul e México na abertura da Copa do Mundo, na sexta-feira 11, quando um pequeno exército de funcionários da Sony iniciou uma complexa operação logística em diversos países. O objetivo da ação era enviar para mais de quatro mil lojas as primeiras imagens já feitas em três dimensões de um jogo de Copa do Mundo para serem mostradas aos potenciais compradores de sua televisão Bravia 3D, que estava sendo lançada naquele dia.
Para conquistar clientes nesta que será a nova e, provavelmente, mais sangrenta guerra da indústria de eletroeletrônicos em décadas, a Sony comprometeu-se com seus revendedores a entregar as cenas tridimensionais da Copa em, no máximo, 24 horas após o fim da partida. Apesar de não revelar os custos, a companhia não esconde que o investimento é gigantesco. “Não posso revelar valores, mas garanto que é um investimento do tamanho de nossas expectativas”, disse à ISTOÉ DINHEIRO o vice-presidente mundial de administração de marcas da Sony, Soichi Kawachi.
A Sony, que há seis anos consecutivos tem prejuízos no segmento de televisores, está apostando alto na tecnologia 3D. Sua expectativa é vender, no primeiro ano, algo em torno de 2,5 milhões de unidades de televisores Bravia 3D, o equivalente a 10% de toda sua produção de aparelhos de tela plana. Até 2013, a companhia acredita que equipamentos com a tecnologia 3D, como videogames, celulares e computadores, podem gerar receitas de US$ 10 bilhões.
“Somos a única companhia que produz conteúdo, faz conversões para 3D, distribui esse material e fabrica os equipamentos necessários para assisti-lo”, afirmou o presidente mundial da Sony, Howard Stringer. A Sony foi a última das grandes companhias do setor a lançar sua televisão 3D. De acordo com os executivos, tinha uma ótima razão para isso: a Copa do Mundo. Uma das seis parceiras da Fifa, a Sony está utilizando sua posição privilegiada na hierarquia de anunciantes do Mundial para divulgar a Bravia 3D. Toda a estratégia de marketing está concentrada no Mundial. “O segredo para o lançamento de uma tecnologia nova e revolucionária como essa está no timing”, diz Kawachi.
Enquanto distribui para o mundo as imagens da 23 partidas que irá filmar em três dimensões na Copa do Mundo, na África do Sul a companhia japonesa adotou uma estratégia agressiva de divulgação da sua nova tecnologia. Instalou, na entrada de cada um dos dez estádios da Copa, cabines para demonstrar a sensação de ver um jogo de futebol em três dimensões.
Mas é na praça Nelson Mandela, em Johannesburgo, local onde torcedores se concentram durantes as partidas, que a companhia fez seu investimento mais ambicioso. Montou um verdadeiro cinema, que ocupa três quartos da pequena praça, para apresentar em um telão não só os jogos, mas também video-clipes e até shows ao vivo, realizados dentro do auditório e filmados por câmeras 3D.
A ideia da empresa é apresentar seus vídeos e shows com artistas japoneses e sul-africanos para dezenas de milhares de pessoas que passam diariamente por ali. “O aumento das produções em 3D vai levar os consumidores a comprar esses aparelhos. É um caminho sem volta”, afirma Jennifer Colegrove, diretora de tecnologia de vídeos da consultoria DisplaySearch.
Veículo: Revista Isto É Dinheiro