Anvisa determinou o recall e a proibição da venda de droga da Eurofarma a base de tamoxifeno por resultados insatisfatórios em testes
A Eurofarma começou a recolher ontem três lotes de medicamentos a base de tamoxifeno para tratamento do câncer de mama e útero por determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A venda dos produtos também foi suspensa há quatro dias por apresentar "resultados insatisfatórios nos ensaios de dissolução da substância".
Estão sendo retirados das farmácias os lotes 152.449 e 147.407 do genérico citrato de tamoxifeno - fabricados em dezembro de 2008 e válidos até dezembro deste ano - e o lote 143.226 do tamoxin, fabricado em outubro de 2008 e válido até outubro. O Instituto Nacional do Câncer (Inca), do Ministério da Saúde, confirmou que o remédio está na lista de medicamentos de alto custo fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas não soube informar se os lotes com defeito foram para a rede pública.
Segundo o laboratório, o terceiro maior fabricante de genéricos do País, as amostras testadas mostraram que houve atraso na liberação do princípio ativo do remédio durante sua dissolução. Em nota, a Eurofarma garante que "o resultado (do teste) não compromete a eficácia do produto e seu modo de agir". Ainda de acordo com o laboratório, a venda ocorreu entre 2008 e 2009. As pacientes que tiverem dúvidas devem entrar em contato com o fabricante pelo telefone: 0800 704-3876, de segunda à sexta-feira, das 8 às 17 horas.
O remédio é recomendado para mulheres com câncer de mama e útero, cujo tratamento responde à inserção de hormônios (estrogênio). Segundo a mastologista do Hospital A. C. Camargo Fabiana Baroni Makdissi, os hormônios alimentam as células cancerígenas, impedindo-as de destruírem o organismo.
Após as sessões de rádio ou quimioterapia ou mesmo depois da cirurgia de retirada da mama, o tamoxifeno é recomendado para substituir os hormônios e impedir que células cancerígenas sobreviventes voltem a atacar o organismo. "Ao mesmo tempo, também atua na prevenção do câncer, na medida em que impede a doença de se espalhar e afetar o outro seio", diz Fabiana.
Ainda segundo a médica, o uso do tamoxifeno é diário e recomendado por cinco anos, mas seu efeito é prolongado por mais dez. O preço varia de R$ 37 (genérico) a R$ 150 (marca).
O câncer de mama ainda é o tumor que mais acomete e mata mulheres no Brasil. A previsão do Inca para 2010 é a de que quase 70 mil mulheres paulistas terão algum tipo de neoplasia. Desse total, 15.080 casos (22%) serão de câncer de mama. A estimativa é de que ao menos 5.760 deles serão registrados na capital.
O diagnóstico precoce é a principal forma de prevenção. A critério médico, se houver suspeita da doença, mulheres de todas as idades podem fazer a mamografia. A política de rastreamento do câncer de mama para a população em geral recomenda que as mulheres de 50 a 69 anos façam um exame a cada dois anos.
Veículo: O Estado de S.Paulo