Açúcar vive onda de fusões e aquisições

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Negócios no país são facilitados porque há muitas empresas no setor passando por dificuldades financeiras

 

Enquanto empresas de menor porte são compradas, outras se juntam para enfrentar novos desafios do setor


 
A consolidação do mercado brasileiro de açúcar e álcool continua. Enquanto algumas empresas de menor porte são compradas, outras se juntam para enfrentar os novos desafios do setor.

 

A mais nova união foi a do grupo Clealco -duas usinas- com a Copersucar, que, agora, soma 39 empresas. Para Plinio Nastari, da Datagro, novos investimentos virão e deverão ser destinados a fusões e a aquisições.
"No passado, houve um "efeito manada" devido à empolgação com o etanol. Agora, o mercado está passando por ajustes", disse ele em seminário no final de maio, em Nova York (EUA).

 


Presente ao seminário, Leonardo Bichara da Rocha, da Organização Internacional do Açúcar, disse que as grandes empresas representam 30% do setor no Brasil, percentual bem menor do que em outras commodities.
Já o diretor de desenvolvimento de açúcar e bioenergia da Bunge USA, Ben Pearcy, diz que os novos investimentos no setor serão para fusões e aquisições porque ainda há muitas empresas com dificuldades financeiras. "A procura é maior do lado vendedor do que do comprador."

 


No final de dezembro, a Bunge adquiriu cinco das seis usinas do grupo Moema, no interior de São Paulo, por US$ 1,5 bilhão -um dos maiores negócios do setor sucroalcooleiro no país. Com isso, a empresa deve triplicar sua capacidade de produção.
Segundo o executivo, a Bunge continua analisando a possibilidade de novas compras. "Se você quer investir em açúcar e etanol, o Brasil é o primeiro lugar para isso. A demanda por etanol está crescendo mais de 10% ao ano", diz Pearcy.

 


Assim como a Bunge, a Cosan também está aberta às compras, diz Rubens Ometto. Outra que chegou com força no setor e deve elevar participação foi a Petrobras, que está associada à Tereos nos negócios da Guarani.

 

A volatilidade na cotação do açúcar deve continuar e, pelo menos no curto prazo, o preço baixo também.
Segundo Nastari, cada vez mais o produto está atrelado ao preço do petróleo, já que o Brasil, o maior produtor mundial, destina mais da metade da sua safra de cana à produção de etanol.
"Enquanto o etanol não for reconhecido como commodity no mercado externo, essa variação no preço vai persistir." Para Nastari, é preciso que sejam criados produtos financeiros, como já existe no mercado de café, por exemplo, para que essa oscilação diminua.

 


A queda recente no preço do açúcar -nos primeiros meses do ano chegou a ter a maior cotação dos últimos 29 anos- também é consequência dos novos números divulgados sobre a safra indiana, na opinião de Rocha.
Em abril, a Índia, que depois da Europa é o maior importador do produto, anunciou que sua safra será bem maior do que o esperado. "As projeções iniciais eram de 14 milhões de toneladas, mas a safra irá superar 18 milhões de toneladas", diz Rocha.


 

Demanda maior deve aumentar os preços do açúcar no futuro

 

No longo prazo, a estimativa para o preço do açúcar é de alta, já que estudos apontam que a produção não conseguirá acompanhar a demanda. A Ásia é quem deve liderar esse aumento.

 

Enquanto a média mundial de consumo de açúcar é de 24 quilos/ano por pessoa, nos países da região o consumo não chega a 15 quilos.

 

Segundo Michael McDougall, vice-presidente da corretora americana Newedge, não há terra disponível para acompanhar o ritmo do aumento da população mundial e, nesse cenário, o Brasil tem inúmeras vantagens sobre outros países.
"A área cultivável é limitada e o Brasil possui 25% dessas terras. Além disso, o país tem mão de obra qualificada, mas barata, e possui tecnologia agrícola avançada." (SM)

 


Veículo: Folha de S.Paulo


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